sábado, 2 de fevereiro de 2013

[Opinião] Trabalho, precisa-se

A taxa de desemprego em Portugal, em dezembro de 2012, atingiu um novo recorde: 16,2%, segundo o Eurostat. Por quase toda a Europa estes números crescem todos os meses e o desemprego jovem no nosso país chega quase à fasquia dos 40%.

Já sabemos, porque é bastante previsível, como se desenrola esta história. A emigração nos últimos anos, com particular incidência nos mais jovens e qualificados, atingiu números próximos dos anos 60 e 70 do século passado. Aliado ao colossal aumento de impostos do ministro Gaspar, a economia paralela vai provavelmente atingir um máximo histórico. Estudar torna-se mais difícil, deturpa-se a igualdade de oportunidades, o que apenas se mantém são os grupos sociais que ainda podem sustentar os estudos dos filhos. O aumento da criminalidade põe em causa a segurança que, apesar de tudo, é reconhecida em Portugal. A ampliação do problema, menos falado, da demografia, em particular da natalidade. Para não falar do drama, em todos os sentidos, do desemprego de longa duração.

Podem-nos dizer que já fomos aos mercados (mesmo que de mão dada ao BCE). Repetir 30 ou mais vezes que a economia está a preparar-se para crescer mas… estaremos no momento de escavar o buraco? Que o crédito às PME está para breve, que isto é feito também em nome da nossa produtividade (e isso não é falar também de pessoas ou, se preferirem, em capital humano que é tão importante?) ou que já alcançámos o equilíbrio da balança comercial. Julgo que nada de relevante acontecerá, como a inversão destes desastrosos números, enquanto não travarem esta austeridade estúpida que continua a destruir empregos. Faz sentido seguir uma teoria em que já só os seus executores acreditam e que, por sinal, até são os nossos representantes políticos? É possível atravessar um longo período de tempo com elevado desemprego sem que isso traga outras preocupantes mudanças? É com tantos “parados” ou a “bazar” do país que vamos lá?

Que coisas são mais importantes do que o trabalho e a realização pessoal? É do trabalho que construímos a nossa vida. E é que este, pelo menos o que eu estou a pensar, dignifica as pessoas e é produtivo a vários níveis. Ao contrário do que se passa no mundo financeiro que, a propósito, o Governo continua sempre capaz de apoiar (veja-se o recente caso Banif).  

Rodrigo Subtil (Coordenação nacional do +D = Democracia em Movimento)

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