segunda-feira, 29 de julho de 2013

[Opinião +D] A respeito da Jornada Mundial da Juventude

Contrariando mil e uma previsões feitas, as religiões continuam a mobilizar muita gente, como recentemente se viu na Jornada Mundial da Juventude promovida pela Igreja Católica no Rio de Janeiro.

Não me vou pronunciar aqui, nietzscheanamente, sobre a “verdade intrínseca” das religiões em geral ou da religião católica em particular. Nem sequer sobre a figura do novo Papa “Francisco”. Isso não é aqui o mais importante.


Pretendo apenas salientar que, para muita gente, o horizonte da existência quotidiana continua a não ser suficiente. E, por isso, sentem a necessidade de se porem ao serviço de ideais maiores. Independentemente do caminho que escolham, esse impulso é, em si próprio, positivo, a meu ver. E, face à aparente falência das grandes utopias políticas, é até compreensível que muitos continuem a apostar no caminho religioso.






Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)


Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

domingo, 28 de julho de 2013

[Opinião +D] As crises da crise

Há uns dias ouvi uma entrevista feita a um candidato a uma autarquia, onde alguém afirmou que hoje se vive uma crise de valores. Há algum tempo que penso nisto, será que vivemos, realmente, uma época em que há uma crise de valores? Ou em períodos de crise, os valores são sempre, mais facilmente, postos à prova?

Recordei-me do romance de Victor Hugo, Os Miseráveis, um clássico de cinco volumes, publicado em 1862. Toda a gente conhece a história que se desenrola na França do século XIX, entre a Batalha de Waterloo (1815) e os motins de junho de 1832. Um retrato de época que testemunha a miséria e a pobreza em que, a maioria da população, vivia no final desse século. Um indigente, Jean Valjean, rouba um pão para se alimentar, a si e à sua família. Condenado à prisão até à morte não desiste nunca de lutar pela liberdade. Quem lê esta obra nunca condena Valjean. A noção de bem e mal que existe em cada um de nós não o permite.

É verdade que em épocas de crise financeiras e/ou económicas, outras crises tendem a surgir ou a agravar-se. Atualmente, com uma austeridade que tende a tornar-se crónica, com taxas absurdas de desemprego, com uma população cada vez mais desesperançada e, tendencialmente, deprimida, é impossível que não surjam sentimentos de medo em relação ao futuro. A emigração separa famílias e quebra laços outra hora estáveis. A insegurança aumenta. Roubos, agressões, atos ilícitos, burlas, etc tornam-se a saída mais fácil e apelativa para quem desespera lentamente e em silêncio.

Depois há os outros. Os que até agora viviam relativamente bem. Ocupavam cargos que lhes traziam rendimentos, regalias e privilégios e, muitas vezes, estes deixam-se “encantar” pelo poder. Querem mais e mais e deixam-se levar porque em simultâneo sentem um medo quase irracional de perder tudo isso. Muitas vezes são aqueles que deviam servir de exemplo, aqueles que deviam ser os primeiros a dizer não. E quando se sabe, quando se comenta em todos os jornais, rádios e televisões em vez de se demitirem e se dedicarem a provar a sua inocência, não o fazem e continuam a candidatar-se a cargos públicos e a quer mais do mesmo.

Sim, há uma crise de valores mas é bem mais profunda. Vem de trás e precisava de ser combatida por todos nós. Devíamos tornar-nos mais exigentes, mais críticos e até mais fiscalizadores com quem nos governa. Deviam ser penalizados e punidos porque afinal não roubaram um pão e não queriam apenas e tão só alimentar-se a si e à sua família.




Margarida Ladeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
Este comentário é da exclusiva responsabilidade da sua autora

[Opinião+D] Até quando…

Está aí a privatização dos CTT!

Interessados aguardam-se e a intenção é mesmo vender a totalidade da empresa. Fazê-lo a um ou a mais compradores, isso pouco interessa…. É preciso é facturar e quanto mais depressa melhor.

E tem de ser assim… Não se esqueçam que o Estado precisa de ganhar dinheiro para sustentar os buracos dos antigos donos do BPN e as necessidades dos novos, as PPP e ainda muitos outros que, coitados, precisam 
muito da ajuda de todos nós para engordarem as suas fortunas.

E era por isto, aliás como todos já sabíamos, que se quis e em grande parte se conseguiu, ir fechando estações de correios pelo país fora, em locais em que este serviço público era essencial mas em que os números ditavam que prejudicaria esta privatização.

E se nalguns (poucos) casos as populações conseguiram que o fecho pretendido não se efectivasse, isso só significou um rebuçado que se derrete depressa na boca sem deixar sabor porque é óbvio que os novos donos não vão querer saber para nada da decisão dos “sensíveis” governantes que recuaram no fecho!

E depois destas e de muitas outras que nos vão sendo apresentadas como decisões indispensáveis e inadiáveis porque não há dinheiro, continuamos ainda muito parados à espera do que mais nos irá acontecer! Até um dia… 







Francisco Mendes (Membro da Coordenação Nacional +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

[Opinião +D] As tribos

Recentemente António Barreto referiu em entrevista, o desinteresse dos portugueses pela política. Considerou a desconfiança generalizada nos partidos políticos bem como a desvalorização do trabalho destes. Disse que estes funcionam como “tribos” tal como os clubes de futebol. Analisando a situação atual não hesitaremos em considerar a justeza destas considerações. Senão vejamos: a definição mais generalista de tribo surge como: agrupamentos das sociedades humanas que, vivendo de forma comunitária, partilham entre si pensamento analógico, hábitos comuns, rituais próprios, códigos de conduta que os diferenciam dos demais. Segundo Maffesoli (1985), as tribos tem semelhanças e complementam-se, num procedimento de homocentricidade e da exclusão do que é diferente. Tem como característica a nitidez de orientação, homogeneidade, relações face a face… entre outros. Mas se a tribo revela coesão interna que potencializa as suas ações, o que pode considerar-se uma virtualidade devido ao peso excessivo da globalização,  já no que concerne ao exterior, aos outros grupos e à sociedade em geral, as tribos conduzem ao controlo social, ao conflito, ao confronto. Falhando no valor indiscutível da dissonância, arregimentam, controlam, limitam. Mais grave: geram a intolerância, a uniformização, o conflito e tantas vezes a violência. No conflito, o primeiro impulso dos oponentes é o de procurar destruir o adversário. Neste caso, a sua ação é inoperante, de rutura, de discricionariedade e, tantas vezes, de guerra. Procuram neutralizar/aniquilar, deste modo, a participação dos demais. O que acontece, na atual conjuntura, em que os movimentos sociais independentes pretendem exercer a cidadania, são bem a prova de que as tribos exercem o poder de controlo social e pretensamente de aniquilação da diferença. Impedem o progresso. As tribos são afinal isso.





Conceição Couvaneiro (Conselho Geral do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

[Opinião +D] Cheira a Poder

Cheira a Poder, quando longos, verborreicos e inflamados críticos do Socretismo e Segurismo (se é que isso existe) e outros defensores do "PS verdadeiro" aparecem agora ao lado de putativos candidatos presidenciais, quando recebem financiamentos diretos ou indiretos de autarquias PS ou quando começam a declamar loas à forma como Seguro geriu as negociações com o PSD. 
Cheira a Poder, quando esses críticos, subitamente se silenciam ou desaparecem de todos os meios onde antes proferiam as suas declamações. 
Cheira a Poder. 
Cheira a Poder e a Tachos.

PS: não sou anti-partidos. Sou anti-estes-partidos, fechados, desmemoriados, hierárquicos e aparelhísticos. Sou pró-partidos, participativos, nivelados, consensuais e dialogantes para dentro e para fora. O problema é não temos partidos assim. Mas precisamos de ter e de começar a fazer algo neste sentido.




Rui Martins (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

[Opinião +D] A Constatação negativa.

Em todas as épocas, nas diversas civilizações, nos países e zonas mais distintas, raramente o poder superior e decisivo foi exercido por intelectuais, artistas ou homens de negócios enquanto tais, são de facto mais frequentes presenças de religiosos, políticos e militares, podemos confirmar que a política vem governando os povos e ocupando o topo da hierarquia social.

A constatação desta realidade histórica vem provar que a vontade de poder político se superioriza à dos outros tipos puros, ou então que a estrutura de quase todas as sociedades implica, necessariamente, a supremacia daquele poder, ou finalmente que os outros tipos humanos rejeitam a procura daquela forma de poder. E neste último caso, ou porque não a consideram adaptada a si, ou porque não são felizes exercendo-a, ou porque sentem que os benefícios que dela poderiam extrair acabam por não compensar os sacrifícios que comportam.

O preço pago pelo usufruto do poder político será excessivo? A sua falta de conteúdo ético e material, o seu carácter eminentemente energético, assente numa fenomenologia psicológica de ordem emotiva, oferece o género de compensações que não satisfazem quer muitos dos que preferem obedecer, quer ainda aqueles que escolhem um tipo de existência liberta das pressões psíquicas e sociais que a vida política implica obrigatoriamente. Esta dialéctica do senhor e do escravo é uma das mais espantosas e dramáticas e realidades históricas, tendo adquirido na nossa época uma comprovação insofismável.

Chegamos, por fim, aos porquês, com dois casos que aparentemente têm o mesmo resultado final, a admissão de Vítor Gaspar e Paulo Portas do governo. Há que distinguir o poder real e a perspetiva de uma vida honesta, com o poder virtual numa análise futura enquadrada num alto cargo de favor em empresas com subsistência publica ou muito perto disso, é satisfação da fácil riqueza pelo “sacrifício” do poder político e das suas compensações.

A constatação negativa destaca Vítor Gaspar como uma personalidade com ética e de princípios, e Paulo Portas como um oportunista longe de ter princípios de ética e de honestidade entregue às delícias do poder presente e futuro meramente honorifico. A prova de que assim é já está gravado para memória futura.






Fernando Faria (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

[Opinião +D] Chegou o tempo de pôr fim à farsa

À vista mais curta, todos tiveram a sua vitoriazinha. Cavaco Silva, por via de mais um dos seus famosos “tabus”, conseguiu de novo ser o centro das atenções durante uma semana e pôde mesmo dizer: “pelo menos, tentei”. Pedro Passos Coelho recebeu a “garantia presidencial” de levar o seu mandato até ao fim. Paulo Portas conseguiu finalmente chegar a Vice-Primeiro-Ministro com amplos poderes. António José Seguro pacificou uma vez mais o seu partido.

 Não chegou, porém, sequer a ser uma vitória de Pirro. Na verdade, todos perderam. E muito. Cavaco Silva expôs uma vez mais a sua fragilidade – um Presidente forte teria conseguido impor um Compromisso de Salvação Nacional. O mesmo se diga de Pedro Passos Coelho – que não consegue controlar, de todo, os seus ministros. E de Paulo Portas – irrevogavelmente ferido na sua credibilidade, agora até no interior do seu partido, que o forçou a recuar. E de António José Seguro – as pressões de que foi publicamente alvo, e às quais sucumbiu, provam bem a sua insegurança. Seguro provou, uma vez mais, que não é, seguramente, a solução.

Na dita “esquerda”, os partidos que temos demonstraram, uma vez mais, a sua irrelevância. A encenada tentativa de convergência durou apenas umas horas antes de se desvanecer. Mas, como a memória é curta, em breve, decerto, subirá de novo ao palco. Até ao dia em que já não houver ninguém na plateia para assistir, pela enésima vez, à mesma farsa de sempre. O que estará para muito breve – nas próximas eleições, ou aparece algo de verdadeiramente novo, ou então só nos resta o voto branco ou nulo. Chegou o tempo de pôr fim à farsa.







Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)


Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

sábado, 20 de julho de 2013

[Opinião +D] De que é feito um líder?

O país ficou suspenso durante cerca de duas semanas. O Presidente da República, Cavaco Silva, apelou a um “compromisso de salvação nacional” e todos parámos para ver. Todos ficámos à espera de que meia dúzia de políticos, eleitos por grande parte dos portugueses, decidissem a nosso favor. Afinal, eles são os nossos representantes e querem, obviamente, o melhor para Portugal.

Cavaco Silva, quer se queira ou não, quer se goste ou não, é o representante da nação portuguesa e fez um apelo. Um “compromisso de salvação nacional” a ser conseguido entre as três forças políticas responsáveis pela vinda da Troika para Portugal. Um compromisso que defendesse o interesse nacional. Todos disseram que sim e isso, a mim pareceu-me óbvio, pois todos são responsáveis pelo estado em que o nosso país se encontra. Todos se comprometeram oficialmente em fazê-lo.

O acordo falhou. Muitos o previram, embora ainda houvesse quem acreditasse que esta seria a melhor solução. “Salvação nacional” parece ser uma expressão incompreensível e desconhecida para os líderes políticos dos três maiores partidos em Portugal. Agora todos afirmam que a “culpa” do falhanço é dos outros e cada um deles afirma ter feito todo o possível para que esse acordo fosse conseguido. Obviamente não o fizeram, senão ter-se-ia conseguido.

CDS e PSD partiram para as negociações com atitudes inflexíveis. PS respondeu defendendo medidas irrealistas. Todos falharam porque todos partiram para as negociações com a atitude de que o outro deveria ceder.

A meu ver todos estes “líderes”, perderam uma excelente oportunidade de se agigantarem. De se tornarem verdadeiramente grandes. É pena. É realmente triste ver como a noção de bem comum se perdeu.



Margarida Ladeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
Este comentário é da exclusiva responsabilidade da sua autora

quinta-feira, 18 de julho de 2013

[Opinião +D] Democracia, Pilares Algares

Construção que pretenda durar, precisa de pilares sólidos. São escolhidos de acordo com o onde se quer edificar a casa. Que ventos lhe batem? De que lado nasce o Sol? Quais as amplitudes térmicas? Pluviosidades e outros fenómenos, em que intensidades, a que temperaturas? São vários e diversos os fatores a considerar para se obter resultado adequado. O que esses fatores têm em comum é, apenas, só interessarem os que convergem para aquele local. Conhecer a maresia de nada serve para construir na montanha. As infraestruturas existentes na cidade não aproveitam a quem queira construir no deserto. E assim, só contam para aquela construção os fatores que se encontrem, de forma permanente ou temporária, naquele local onde pretendemos edificar. Isto tem a ver com a construção da Democracia, esse lugar que todos desejamos habitar e que sabemos não ser possível construir sem a participação de TODOS. Sabemos que agora habitamos outra coisa que não queremos. Para a construção desta que habitamos forçadamente, apenas foram considerados os ventos da Europa conjugados com os algares que são os bolsos de certas famílias. Aqueles ventos quando trazem fartura que chega para todos, os que têm algares levam mais que nós. Mas em época de vento Suão, apanhamos todos com o desatino das trovoadas a destruir tudo o que encontram à face da terra! Mas os algares não estão à face…

 

Maria Leonor Vieira (Membro da Coordenação Nacional +D)
Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

[Opinião +D] O futuro dos Orçamentos Participativos

Ao longo dos últimos anos, os Orçamentos Participativos têm caminhado desde formatos consultivos, sem equipas técnicas, até formatos mais deliberativos e participativos onde a presença dos cidadãos tem assumido um papel crescente. A tendência existe e demonstra uma forte apetência dos cidadãos para participarem mais ativamente na vida das suas comunidades (municípios e freguesias) e merece uma reflexão: os políticos profissionais queixam-se frequentemente dos baixos índices de participação cívica dos seus eleitores, mas os OPs, os relativamente altos níveis de participação parecem demonstrar que quando é dada ocasião aos cidadãos para participarem nos processos de decisão, eles não rejeitam fazê-lo, fazem-no bem e com racionalidade e com intensidade. Os OPs devem continuar a expandir-se e o infeliz caso de Lisboa (com a redução para metade do valor para o OP2013) tem que ser excepcional: se queremos renovar a democracia, teremos que a renovar pela via participativa e direta e os Orçamentos Participativos são uma das ferramentas ao dispor desta via. Na verdade, os OPs não se devem limitar ao meio autárquica, podendo até estender-se (primeiro num regime limitado e experimental) ao próprio orçamento geral de Estado…




Rui Martins (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

[Comunicado +D] Posição politica do Movimento Mais Democracia sobre “O Compromisso de Salvação Nacional” proposto pelo Senhor Presidente da República

A proposta de Compromisso de Salvação Nacional, apresentada no passado dia 10 de julho, pelo Sr. Presidente da República, é em si mesma uma revelação do bloqueamento a que chegou o sistema democrático e por isso, ela suscita-nos as maiores apreensões sobre a capacidade do país reverter a marcha para o abismo, e acautelar a sustentabilidade do regime democrático.

Ao fim de dois anos de aplicação da velha cartilha das políticas de austeridade, o país confronta-se com um estrondoso falhanço dos principais objetivos (controlo orçamental do Estado e dívida externa) e efeitos económicos e sociais devastadores (insolvências, desemprego e rendimento disponível das famílias), falhanço esse que atingiu a credibilidade política do seu principal obreiro, na carta de demissão de ministro das finanças.

Perante este quadro, a inesperada proposta do PR para um “Compromisso de Salvação Nacional” é apenas mais uma peça nos jogos viciados que PR e as forças políticas que este patrocina (PSD e PP)  têm vindo a praticar ao longo do mandato do XIX Governo, o que não vaticina nenhuma solução para a atual situação política.

O nível de confiança no regime continua a declinar. O Presidente da República está claramente ferido na sua legitimidade política, desde que se assumiu no passado dia 25 de abril como tutor do atual Governo. O apelo que fez aos partidos subscritores do “memorando da troika”, depois do Governo descartar o seu empenho sério na criação de bases políticas e sociais para o programa de convergência,  não augura qualquer solução esperançosa. Dada a gravidade da situação, causa perplexidade que o Presidente da República não encontre no Conselho de Estado o respaldo para a formulação de uma solução de exceção, que urge e todo o país reclama.

Ao focar nos mesmos partidos políticos e nos seus dirigentes, a solução do impasse político a que chegamos, o Presidente da República revela, pelo menos nesta oportunidade, a dificuldade de perceber a fragilidade da atual representação política formal e a falta de autoridade política do próprio primeiro ministro, que ele próprio agravou com a recusa da remodelação governamental proposta e a demissão com data marcada do Governo.

O Movimento Mais Democracia não entende a passividade do Presidente da República, perante a rotura política e social consumada pelo Governo e que seriam condições necessárias para o relançamento da economia. Nem vislumbramos, nos partidos do memorando da troika, a energia necessária ao rejuvenescimento necessário a um Compromisso de Salvação Nacional.

E advoga, que um tal Compromisso deve passar por:
-       Criar um Governo de Salvação Nacional, com apoio parlamentar, mas integrador de algumas personalidades independentes dos partidos, num programa que acentue o crescimento e emprego, a par da Reforma do Estado e do saneamento das finanças públicas;
-       Dinamizar uma plataforma eleitoral às legislativas, entre os movimentos que visam a renovação da democracia por meio de instrumentos participativos dinâmicos;

-        Ampliar a representação política a  movimentos de cidadania, por via de uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos;

quarta-feira, 17 de julho de 2013

[Opinião +D] É preciso AGIR, sem demora

A crise discute-se nos salões. Os mesmos de sempre são chamados a fazer propostas de entendimento. Os que, mais não fizeram senão tornar dramática a situação em que nos encontramos. E que se irá passar? Obter um compromisso de Salvação Nacional? É como se num divórcio, muito litigioso, o juiz decretasse que os proponentes se reconciliassem, à ordem da justiça, e passassem a entender-se como nada se tivesse ocorrido antes. Somente por milagre de “Nossa Senhora de Fátima” tal aconteceria. A situação económica e social vai-se, entretanto, agudizando. O limite ao défice parece não ir ser alcançado. Os juros de curto e médio prazo aumentam. A falta de confiança prolifera na sociedade. O caos e anomia social instalam-se. O Pais, à ordem de interesses externos, está agonizante. Apresenta-se cada vez mais em risco. A agravar, surge a crise no Pais vizinho, devido à corrupção. Os movimentos independentes têm vindo a fazer “bandeira” deste combate (a corrupção), sabendo que esta é a principal responsável, por este estado de coisas. Têm no feito, pela voz esclarecida e desassombrada de Paulo Teixeira de Morais. Estas conjunturas parecem ser cíclicas, neste Portugal, que Abril ainda não conseguiu libertar. Mas, são tanto melhor ultrapassadas, se os seus intervenientes se revelarem com bom senso, coragem e audácia.  Qualidade. Preocupava os oitocentistas - Alexandre Herculano, Garrett, Teófilo Braga, Antero de Quental, António Sérgio…- reunidos nas célebres Conferências do Casino, as questões estruturantes da Sociedade Portuguesa: o despovoamento, a reforma da administração pública, as questões entre absolutistas e liberais, a injustiça, a revolução científica técnica e industrial constituíam a base das grandes discussões. Eça falava então, “dos vencidos da vida”. Em 2013, século XXI, apresentam-se ainda, as mesmas inquietações, medos e incertezas acrescidas, nesta era global. Pode concluir-se, neste cenário, continuar a poder se falar dos “vencidos da política e do desgoverno”. Especulam-se saídas, mas… pensar, diagnosticar, questionar falar, não chega. É preciso AGIR, sem demora.





Conceição Couvaneiro (Conselho Geral do +D)

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segunda-feira, 15 de julho de 2013

[Opinião +D] Da lógica partidocrática

Por mais que se fale de “salvação nacional”, toda a acção política acaba por ficar refém da lógica partidocrática. Não teria que ser assim, mas, em Portugal, parece ser impossível que assim não seja: o interesse partidário acaba sempre por se sobrepor ao interesse nacional. Noutros países (da Europa, para não irmos mais longe), ao invés, é relativamente comum o estabelecimento de acordos, sobretudo em épocas de crise. O que é próprio das democracias maduras: nestas, o que acaba quase sempre por prevalecer é a lógica do compromisso.

 Nem sempre é fácil chegar a acordo. Muitas vezes, a opção é entre o “mal maior” e o “mal menor”. Mas é isso, desde logo, o que distingue as pessoas adultas dos adolescentes: chegar a acordo mesmo quando não há uma opção ideal. Por isso, quase quarenta anos depois do 25 de Abril de 1974, continuamos a ser uma democracia adolescente. Mas haja esperança: não era Platão que defendia que só a partir dos 40 se pode ser filósofo? Pode ser que nos tornemos enfim adultos. Pode ser que a nossa democracia passe finalmente a fase da adolescência.






Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)


Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

domingo, 14 de julho de 2013

[Opinião +D] Para quando a viragem da politica económica?

O Presidente da República deu uma semana aos partidos que subscreveram o Memorando com a Troika, para encontrarem o caminho da salvação nacional.

Durante dois anos, o Presidente da República assistiu, impávido, à aplicação de politicas inadequadas para os propósitos que se propunham alcançar. Apesar disso, ainda recentemente, em 25 de abril, revelou aos portugueses a sua solidariedade politica com o Governo, o que nada obrigava a fazer.

Ora, a situação a que chegámos resultou da continuidade de politicas públicas erradas, que gradualmente tem vindo a minar os equilíbrios fundamentais da economia portuguesa, levadas a cabo pelos três partidos em causa e, entre eles, daqueles que queriam ir para além da Troika.

A desagregação a que assistimos recentemente do Governo do país deve ter irritado o comprometido Presidente que, numa jogada inédita, recusou a remodelação proposta por PPC, e anunciou ao país, que quer agora aquilo que durante dois anos, não o incomodou: a quebra da base politica e social para a salvação nacional.

Ninguém duvida que os próximos dois anos terão de privilegiar o crescimento e o emprego, sem agravar, antes pelo contrario, os deficits orçamentais e a dívida pública. Mas como esta viragem está ancorada na vontade hegemónica da Alemanha, e esta está pendente das eleições nacionais de setembro, qualquer mudança politica em Portugal não será eficaz antes da realização daquelas eleições facilitarem novas medidas europeias de expansão da economia.

Até lá, o que espero são cenas de entretenimento, uma dança de cadeiras com os meus bailarinos, mas não o que precisamos: a entrada de novos protagonistas no Executivo, com prestígio e capacidade negocial com os credores nacionais, para reverter o plano inclinado em que nos colocaram.


 

Fernando Lucas (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

Declaração do Movimento Mais Democracia sobre a crise no Governo

O país conheceu desde o final da semana passada uma crise de Governo, com discussão na praça pública das divergências dos líderes dos partidos que o suportam, e que teve como causas próximas a autodemissão do então Ministro das Finanças e a opção tomada para a sua substituição.
O Movimento Mais Democracia manifesta a sua repugnância pela irresponsabilidade dos líderes do PSD e do PP, que cientes do desastre económico e social a que conduziram o país nos dois últimos anos, e não sabendo como reverter a situação, deram início ao insólito e imprudente espetáculo, na praça pública, de atribuição de culpas de um ao outro.
De facto, o pais tomou conhecimento da declaração de reconhecimento do estrondoso falhanço da politica de austeridade, pelo punho do seu principal mentor, na carta de renúncia de Vítor Gaspar, do final de junho. Infelizmente, esta renúncia vem tarde de mais porque esta politica já destruiu uma boa parte do tecido empresarial e do emprego, como se infere de todos os dados oficiais.
O espetáculo a que o país tem assistido, incrédulo, é revelador da mediocridade política destes líderes, e da falta de responsabilidade e limitação de competências que tem sido gerada nas escolas das “jotas” partidárias, como em outras ocasiões temos denunciado.
O Movimento Mais Democracia manifesta-se a favor:
a) da necessidade urgente de renovação dos protagonistas políticos, por pessoas formadas no primado do interesse público, com capacidade de intervenção cívica com competência, mérito e isenção;
b) da formação de uma plataforma eleitoral para as legislativas entre os vários movimentos que se movem no campo da democracia direta e participativa;
c) de uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos que viabilize a ampliação da representação política na Assembleia da República pelos movimentos de cidadania.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

[Opinião +D] Estabilidade

As declarações feitas pelo PR ontem, surpreenderam aqueles que não lhes convém ouvir o discurso paralelo.

"Estabilidade, estabilidade, estabilidade, para já e para depois, que enquanto a troika andar por cá, nem arremedos de atos democráticos! O Capital e a Economia não têm espaço para essas manifestações de vontade e já muito tolera de quatro em quatro anos. Tratem de se entender, nem que para tanto arranje facilitador de diálogo. Eleições? Se é a esquerda que as pede, não vale a pena dar-mo-nos ao trabalho que eles nunca se entendem e por isso, nunca ganham nem estabilizam o suficiente sequer para se governarem, quanto mais ao país. Preferem comer-se vivos a deixar os seus semelhantes ganhar! Mas o centro e a direita também não se entendem, o que só tem solução em eleições. Se tiverem de acontecer… que sejam depois. O que todos precisamos é de estabilidade. Por isso, aguentar de costas firmes! Para encher os olhos do povo com areia (alcatrão), empregos vitalícios e créditos infindáveis, desbaratei os recursos que cabiam aos meus governos e aos vindouros. Só precisei dos votos dos eleitores da altura e bastou dizer-lhes o que queriam ouvir. Como é que lhes ia dizer que os filhos ficavam sem recursos, sem empregos, sem créditos, sem dignidade para viver aqui e teriam de emigrar e eles ficariam sem filhos? Isto não se diz em campanha eleitoral! Mas ninguém em seu juízo acredita que come o mel e ainda fica com ele para amanhã. Agora, estabilidade sem barulho, para ver se ouvimos qual o enxame que cresce e aí tomamos posição.

Economia é isto: colher o que não se plantou nem cuidou para manter os cultivadores ocupados a produzir a próxima colheita! A sociedade é o enxame. Não é a colmeia nem o cortiço, é o enxame libertário que produz à toa o mel colhido de quatro em quatro anos pelos políticos que se lambuzam nele. O enxame continua a produzir tudo desde o início, quais obreiras que não sabem fazer mais, nem apreciam mel…

 

Maria Leonor Vieira (Membro da Coordenação Nacional +D)
Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

[Opinião +D] O Horror do Vazio e a Imperativa Necessidade de o Preencher

Assim como a natureza tem horror ao vazio, também o tem a Política… se os cidadãos se demitirem (ou foram condicionados a tal) esse vácuo será preenchido pelos poderes mais ou menos obscuros que hoje se movem na sombra e que condicionam já, em grande medida, as nossas vidas. Na verdade, o declínio muito sensível dos níveis de participação dos cidadãos na Sociedade Civil, seja na frente da vida associativa, seja na frente da militância política ativa, beneficiou essas forças subterrâneas de Poder que preencheram esse espaço.

As democracias vivem hoje uma época de profunda erosão da sua representatividade: os Partidos Políticos são mais fechados e dependentes dos seus aparelhos profissionais, de máquinas de marketing e de financiadores “abnegados” do que nunca. Os cidadãos atravessam um momento de auto-demissão e de demissão induzida pelos Media e pelos grupos económicos dos seus papéis ativos de cidadania. O afastamento entre eleitos e eleitores alcança tais dimensões que somente a via do protesto (cada vez mais violento) se assume de alguma relevância, como demonstram as Primaveras Árabes e as mais recentes ações de rua na Turquia (contra a islamização forcada da sociedade) e no Brasil (contra a corrupção e os desmandos do Futebol). De facto, a via dos movimentos sociais parece tão esgotada quanto a dos partidos convencionais “de protesto”, os quais, em boa verdade, se apossaram de grande parte dos primeiros…

O bloqueio atual de Participação dos cidadãos na política e esta bonomia bovina da Sociedade Civil parece poder ser apenas quebrada na Rua, por protestos em larga escala e prolongados como os das “Primaveras” ou através da constituição de plataformas eleitorais de um novo tipo. Plataformas que congreguem cidadãos ativos que se sentem a fazer “algo” no agora, algo de efetivo, que mude ou interfira na condução atual dos nossos destinos comuns. Plataformas que agreguem sem dissolverem, que unam, sem separar nem devorar identidades grupais ou individuais. Plataformas de cidadania que se possam apresentar a eleições e alterar a condução do jogo usando aspróprias regras definidas para ele pela Situação Partidocrata que nos rege.




Rui Martins (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

terça-feira, 9 de julho de 2013

[Opinião +D] Irrevogável....!

Foi o que disse e... mais uma vez, não cumpriu. Em nome do interesse nacional...? Dava  para rir, se não fosse tão trágico. Apenas numa semana e o prejuízo destes hediondos  actos, ascendeu a mais de 4 milhões de Euros. Aumento dos níveis de incerteza, instabilidade, insolvência, crise a acrescentar há já existente. Falta de credibilidade dentro e fora.  Quebra da confiança pela traição da palavra dada e dos compromissos assumidos. Como é  que se exigem tantos sacrifícios, se é  tão assertivo com as medidas políticas aplicadas em nome  da recuperação e saneamento da economia e, depois, despudoradamente reconhecem terem sido erradas? Que não devia ter havido tanta austeridade.... O que se assistiu esta semana é, a todos os títulos, inqualificável. Digno (mas pouco), de qualquer obra de Hitchcock. Crime, intriga e suspense, com laivos dos seus melhores "thrillers" psicológicos. A qualidade é que não tem nada a ver. Hitchcock era, claro, um grande profissional. Um Senhor!   Na estória a que se assistiu e sem que se vislumbre o fim, nada ficará igual. Os interesses pessoais e "clubísticos" podem ter sido reforçados mas, todo o resto, fica mais comprometido. Vão anunciando, agora, nos bastidores (onde tudo se resolve), um simulado novo resgate ou.... ajuda financeira. Ficaremos ainda pior! Enquanto que um povo agoniza, mercê dos sacrifícios que lhe são impostas e a economia se encontra estrangulada, os que determinam esses sacrifícios saem ilesos, favorecidos até. Que vergonha! Incompreensível  e abominável a falta de responsabilidade de quem (des)governa. A ética de Estado a ser superada pelos interesses pessoais mesquinhos que nenhuma lógica pode justificar. Mas o que mais espanta é a aceitação, de tudo isto, por parte dos que sofrem estas afrontas. Quase certo que nas próximas eleições, tudo ficará na mesma. Continuarão a votar nos mesmos. Será  que alguém pode defender o indefensável? Ele há coisas que excedem toda a tolerância e bom senso.   





Conceição Couvaneiro (Conselho Geral do +D)

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