O Presidente da República deu uma semana aos
partidos que subscreveram o Memorando com a Troika, para encontrarem o caminho
da salvação nacional.
Durante dois anos, o Presidente da República
assistiu, impávido, à aplicação de politicas inadequadas para os propósitos que
se propunham alcançar. Apesar disso, ainda recentemente, em 25 de abril,
revelou aos portugueses a sua solidariedade politica com o Governo, o que nada
obrigava a fazer.
Ora, a situação a que chegámos resultou da
continuidade de politicas públicas erradas, que gradualmente tem vindo a minar
os equilíbrios fundamentais da economia portuguesa, levadas a cabo pelos três partidos
em causa e, entre eles, daqueles que queriam ir para além da Troika.
A desagregação a que assistimos recentemente
do Governo do país deve ter irritado o comprometido Presidente que, numa jogada
inédita, recusou a remodelação proposta por PPC, e anunciou ao país, que quer
agora aquilo que durante dois anos, não o incomodou: a quebra da base politica
e social para a salvação nacional.
Ninguém duvida que os próximos dois anos terão
de privilegiar o crescimento e o emprego, sem agravar, antes pelo contrario, os
deficits orçamentais e a dívida pública. Mas como esta viragem está ancorada na
vontade hegemónica da Alemanha, e esta está pendente das eleições nacionais de
setembro, qualquer mudança politica em Portugal não será eficaz antes da realização
daquelas eleições facilitarem novas medidas europeias de expansão da economia.
Até lá, o que espero são cenas de
entretenimento, uma dança de cadeiras com os meus bailarinos, mas não o que
precisamos: a entrada de novos protagonistas no Executivo, com prestígio e
capacidade negocial com os credores nacionais, para reverter o plano inclinado
em que nos colocaram.
Fernando Lucas (membro da Coordenação Nacional do +D)
Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.
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