terça-feira, 28 de abril de 2015

[Opinião +D] (Ainda) merecemos Abril?!...

"Não se preocupem com o local onde sepultar o meu corpo. Preocupem-se é com aqueles que querem sepultar o que ajudei a construir", disse Salgueiro Maia…
E algumas dezenas de anos depois, no mínimo,  temos de perguntar: E não está já sepultado e até mesmo bem calcado lá para os confins tudo o que esse Homem ajudou a construir?!
Custa-me que continuemos a comemorar o 25 de Abril (e eu faço-o e estou aqui a fazê-lo também talvez numa manifestação de pouca coerência) aproveitando o dia e a ocasião para, aparentemente com oportunidade, dizermos que temos de defender os valores de Abril, que muito temos de mudar, que Abril não foi cumprido, e que continuemos a pactuar com aqueles que são os grandes responsáveis por o espírito, a essência e o que se pretendeu com esta revolução tenham sido completamente modificados, deturpados e adulterados.
E todos somos responsáveis porquê?! Porque “tão ladrão é o que rouba como o que deixa roubar”. E nós, todos nós portugueses, deixamos alegremente que nos roubem sem nada fazermos para o evitar. E pior, vamos (quase) todos logo a seguir, nas próximas eleições em que disso tenhamos possibilidade, votar nos mesmos, no mesmo de sempre…
Ok, podem dizer-me que as alternativas são poucas, que não são credíveis, que as poucos que o são não se unem e dispersam-se por capelinhas… Pois é, e para isso não tenho argumentos, porque acho que quem o disser está certo …
E entretanto, vamos deixando, mesmo aqueles que tiveram a enorme coragem e esperança quase utópica de conseguir mudar há 41 anos atrás, que os tais mesmos de sempre continuem acomodados e a tramar-nos a vida.
Talvez o mereçamos…

Francisco Mendes (Membro da Coordenação Nacional +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.  

segunda-feira, 27 de abril de 2015

[Opinião +D] Balanço do III Congresso da Cidadania Lusófona

Navegou num mar revolto o Programa do III Congresso da Cidadania Lusófona – decorrido nos dias 31 de Março e 1 de Abril na Sociedade de Geografia de Lisboa, mas, no final, estiverem representados todos os países e regiões do espaço lusófono: Angola, Brasil, Cabo Verde, Galiza, Goa, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Macau, Malaca, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.





No primeiro dia, após a Sessão de Abertura, em que intervieram Luís Aires Barros (Sociedade de Geografia de Lisboa), Philip Baverstock (CPLP: Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), Maria Perpétua Rocha (PASC: Plataforma de Associações da Sociedade Civil. Casa da Cidadania), Renato Epifânio (MIL: Movimento Internacional Lusófono) e Luísa Janeirinho (Sphaera Mundi: Museu do Mundo), Adriano Moreira, Presidente Honorário dos Congressos da Cidadania Lusófona, deixou-nos mais uma inesquecível Lição de Sapiência, a juntar às dos anos anteriores.






Sem esquecer a intervenção de Ângelo Cristóvão, em representação da Galiza, e dos restantes oradores da tarde (D. Carlos Ximenes Belo, ausente, enviou uma Mensagem), destacamos a presença do brasileiro Gilvan Müller de Oliveira, a quem foi atribuído o Prémio MIL Personalidade Lusófona 2014, pelo seu papel à frente do Instituto Internacional de Língua Portuguesa. Mais um nome a integrar a insigne lista de premiados, que aqui recordamos: Lauro Moreira (Brasil): 2009 | Ximenes Belo (Timor-Leste): 2010 | Adriano Moreira (Portugal): 2011 | Domingos Simões Pereira (Guiné-Bissau): 2012 | Ângelo Cristóvão (Galiza): 2013.





No dia seguinte, toda a atenção se virou para os representantes das várias Associações da Sociedade Civil de todos os países e regiões do espaço lusófono, em sucessivos painéis, presididos, da parte da manhã, por Abel de Lacerda Botelho (Fundação Lusíada) e Ângelo Cristóvão (Observatório de Língua Portuguesa), e, da parte da tarde, por Alarcão Troni (Sociedade Histórica da Independência de Portugal), Alexandre da Fonseca (Instituto dos Mares da Lusofonia) e Guilherme de Oliveira Martins (Centro Nacional de Cultura) –, tendo terminado a sessão com as intervenções de alguns membros da PASC: falamos, nomeadamente, de António Gentil Martins e Garcia Leandro, que estiveram presentes durante todo o Congresso, bem como de Mendo Castro Henriques.









O dia, porém, terminou, no Clube Militar Naval, em ambiente festivo, num magnífico jantar animado musicalmente pelo Grupo, bem lusófono, Manga di Rônco. E continuou na noite seguinte, num outro jantar, com o Presidente e o Secretário-Geral da Liga Africana, Carlos Manuel Mariano e Victor Fortes, em Belém. E continuou ainda nos dias seguintes, com as muitas trocas de e-mails: de felicitações, de pedidos de contactos e de informações. Estes Congressos, com efeito, têm servido também para isso:  para consolidar e alargar uma rede de contactos e de afectos, que, neste ano, se alargou a várias diásporas lusófonas. Não fizessem elas parte, de pleno direito, desta nossa Comunidade de Língua Portuguesa.













Post Scriptum: O vídeo do III Congresso da Cidadania Lusófona pode ser visto no sítio do MIL (www.movimentolusofono.org). Esta semana, mais 3 sessões de apresentação da Nova Águia 15: 28.04.15 - 12h00: Escola Secundária da Cidadela (Cascais) | 02.05.15 - 15h00: Museu da Tapeçaria de Portalegre | 18h30: Associação Nova Cultura (Montargil).



Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)
Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.        

segunda-feira, 20 de abril de 2015

[Opinião +D] Entre Ariano Suassuna e Agostinho da Silva: uma certa Visão do Brasil

No primeiro número da Revista NOVA ÁGUIA, presenteou-nos Ariano Suassuna com um breve mas resplandecente depoimento, onde nos começa por dizer:  

“Eu tenho uma alegria enorme em falar sobre Agostinho da Silva, pessoa que admirava e admiro muito. Eu o conheci na Baía, creio que em 1961, e ele me seduziu imediatamente. Vi logo que tinha nele um irmão, um irmão mais velho…E fiquei ainda mais encantado quando ele me disse que tinha chegado à conclusão de que o V Império, profetizado em Portugal, tinha como grande esperança de realização o próprio Brasil. Esta era, na altura, a tese fundamental dele”. 

Centrar-nos-emos aqui nessa visão do Brasil enquanto “grande esperança de realização” do Quinto Império – que, com efeito, emerge em várias obras de Agostinho da Silva, desde logo na sua Reflexão à margem da literatura portuguesa, datada de 1957 – onde nos deixou a seguinte
exortação: 

“…que tome o Brasil inteiramente sobre si, como parte de seu destino histórico, a tarefa de, guardando o que Portugal teve de melhor e não pôde plenamente realizar e juntando-lhe todos os outros elementos universais que entraram em sua grande síntese, oferecer ao mundo um modelo de vida em que se entrelaçam numa perfeita harmonia os fundamentais impulsos humanos de produzir beleza, de amar os homens e de louvar a Deus (…).”. Eis, em suma, a visão que nos reiterará em outros textos seus, como iremos, de passagem, referir. 

O primeiro desses textos intitula-se “Considerando o Quinto Império” e foi publicado no periódico Tempo Presente, em 1960. Nele, faz, uma vez mais, Agostinho da Silva, a retrospectiva da história de Portugal, desde logo, dos dois nossos maiores erros históricos: o de termos “abandonado” 
a Galiza e o de termos querido “conservar” Ceuta, sacrificando, para tal, o Infante D. Fernando. Eis, reitera-nos, o que nos fez desviar dos mares, dos “mares sobre que flutua o Espírito”, paras as terras, do ser para o ter… Neste texto, aparece o Brasil enquanto possibilidade de correcção desse desvio, de “começar de novo, de começar o recomeço:  

nunca mais abandonando noivas [como a Galiza]; nunca mais querendo terras em lugar de mares, nunca mais excluindo religiões”.
O segundo desses textos que aqui brevemente referimos intitula-se “Presença de Portugal” e foi publicado, à parte, enquanto opúsculo, em 1962. Nele, narra Agostinho da Silva a sua experiência na fundação da Universidade de Brasília, em particular, do Centro Brasileiro de Estudos Portugueses, que aí criou, com o intuito, expressamente afirmado, de reatar, no Brasil, o que, em Portugal, “ficou interrompido nos séculos XV e XVI” – nas suas palavras, “aquela possibilidade de se compreender toda a gente nunca deixando de ser o que se é, ponto importante porque isso fez a grandeza de Portugal no século XV, em grande parte do século XVI e em tanto momento isolado da sua História”. 

O terceiro desses textos intitula-se “Ensaio para uma Teoria do Brasil” 
e foi publicado no periódico Espiral, em 1965. Se, no anterior, o Brasil era apenas, ou, pelo menos, sobretudo, perspectivado enquanto reatamento, historicamente interrompido, de Portugal, neste o Brasil é perspectivado em si próprio, fazendo Agostinho da Silva a apologia das suas insuspeitas capacidades, nomeadamente, como refere, de forma eloquente, da sua “capacidade de [vir a] liderar o futuro humano, quando se desembaraçar de tudo quanto lhe foi útil na educação europeia e exercer, com o esplendor e a vigorosa força de criação que pode demonstrar, as suas capacidades de simpatia humana, de imaginação artística, de sincretismo religioso, de calma aceitação do destino, de inteligência psicológica, de ironia, de apetência de viver, de sentido da contemplação e do tempo”. 

O quarto desses textos intitula-se “Perspectivas” e resulta da comunicação apresentada em 31 de Maio de 1968 à reunião conjunta da Academia Internacional da Cultura Portuguesa e do Conselho Geral da União das Comunidades da Cultura Portuguesa”. Nele, na esteira dos textos anteriores, chega inclusivamente, Agostinho da Silva, a prefigurar a dissolução de Portugal na República Federativa do Brasil, o que, no na sua perspectiva, “não significaria que Portugal estava alienando a sua independência, mas que estava ajudando o Brasil, que é o melhor de si mesmo, a alargar-se no mundo, dando-lhe um desembarque na Europa”. Este gesto, como salientava na altura, “poderia levar a Guiné, Moçambique e Angola a ligarem-se ao Brasil; poderia levar [ainda] a uma revisão do estatuto de Goa e a encontrar solução para o problema de Macau e Timor”. 

O quinto e último desses textos, sem título, foi publicado no periódico Notícia, em 1971. Nele, reitera-nos, Agostinho, a sua peculiar visão do Brasil – nas suas palavras: “…se ainda estivéssemos em tempo de impérios se poderia, desde agora mesmo, ver Brasília como a futura capital do mundo; como não estamos, [que] a vejamos apenas como o símbolo daquela Paz que talvez Portugal pudesse ter estabelecido a partir do século XVI se não tivesse cedido a Maquiavel, apesar de tanto protesto de seus melhores homens, e não tivesse acreditado em que os meios podem ser de natureza diferente dos fins que se querem atingir: a Paz falhou porque, para a ela chegarmos, nos confiámos iludidos aos demónios da guerra. Que oxalá no Brasil, exorcismados [sic], morram.”. Uma vez mais, defende pois Agostinho que Portugal se cumprirá no Brasil. Ainda nas suas palavras, “o Brasil será o Portugal que não se realizou”. De tal forma que, como escreveu enfim, “o Brasil é Portugal, não irmão ou filho de Portugal, mas Portugal mesmo”. Eis, em suma, uma certa visão do Brasil, que Agostinho da Silva e Ariano Suassuna, no essencial, comungavam. 

Ao longo de toda a sua vida, com efeito, defendeu Ariano Suassuna uma visão do mundo em que as diferenças linguísticas e culturas poderiam e deveriam ser afirmadas – como ele próprio afirmou, numa entrevista concedida a Luiz Zanin Oricchio, publicada no Jornal “O Estado de São Paulo”, no dia 12 de Julho de 1997: "A verdadeira universalidade respeita as singularidades locais. Todos entram com sua parte, compondo a vasta sinfonia da cultura. Ela é feita de contrastes, que não são contrários, mas complementares. Do jeito como está proposta, a globalização é apenas a prevalência de uma cultura única, a norte-americana, sobre todas as outras. Só não vê esse facto quem não quer".
Daí toda a sua obra, em particular no conhecido Movimento Armorial, onde procurou, sem preconceitos, valorizar a cultura popular, no que esta tinha de mais genuíno, enquanto expressão maior do próprio povo brasileiro – em assumida contra-corrente a quase a toda a chamada “arte contemporânea”, que, ao invés, tende, de forma consciente ou inconsciente, a fazer tábua rasa de todas essas diferenças linguísticas e culturais, afirmando um paradigma apenas artificialmente “universal”, como se pudesse haver uma arte linguística e culturalmente neutra.
De resto, não é por acaso que, no âmbito do Movimento Armorial, a cultura popular que mais se valorizou foi a cultura nordestina, por ser a mais genuína, a menos contaminada por esse paradigma apenas artificialmente “universal”. Na mesma referida entrevista, à pergunta se “o Nordeste teria melhores condições para resistir a uma possível pasteurização cultural”, respondeu: “É um paradoxo, mas talvez seja mais fácil engolir uma região desenvolvida, como São Paulo ou Rio [de Janeiro], do que o Nordeste. Aqui a resistência é mais forte, talvez exactamente porque a região seja comercialmente mais fraca. Marx cometia um erro grave ao dizer que os países mais potentes do ponto de vista económico produziriam uma arte mais rica. Não há relação directa entre as duas coisas…”. 

Dando de novo o salto para Portugal, perguntamo-nos se o nosso país, no quadro europeu, não poderia ter um papel análogo ao que Ariano Suassuna reconhece ao Nordeste brasileiro, no quadro do nosso país irmão. Sem que isso implique condenar-nos ao subdesenvolvimento económico e social, que esse menor desenvolvimento possa, pelo menos, ser motivo de análoga resistência a essa “pasteurização cultural”. Em Portugal, como se sabe, foi também isso que Agostinho da Silva tentou, precavendo-nos, mesmo no auge da euforia europeísta – falamos dos anos oitenta – contra a dissolução das diferenças linguísticas e culturais. Já vinte anos após o seu falecimento, eis uma tarefa que não está ainda cumprida. Uma tarefa que nunca se cumprirá, plenamente.




Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)
Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.        

domingo, 19 de abril de 2015

[Opinião +D] Haja Respeito!

Há uns dias atrás, a TVI mostrou uma reportagem que denuncia a forma como os doentes estão a ser tratados nas urgências dos hospitais. As imagens que mostram doentes amontoados nos corredores dos hospitais são chocantes.
Depois desta reportagem, o Secretário de Estado Adjunto da Saúde, Fernando Leal da Cunha, veio a público afirmar que os Serviços de Urgência em Portugal funcionam muito bem e que a reportagem só vem confirmar a sua opinião. E acrescentou que o que se viu “ foram pessoas bem instaladas, bem deitadas, em macas com proteção anti queda, em macas estacionadas em locais apropriados, algumas dos quais em trânsito eventualmente para outro serviço. Viu-se pessoas em camas articuladas, viu-se pessoas com postos de oxigénio, viu-se hospitais modernos, viu-se sobretudo profissionais muito esforçados”. 
Posto isto, eu pergunto: será que vimos todas as mesmas imagens?! Parece-me que além de não termos a mesma interpretação das imagens, também não estamos de acordo em relação ao termo “ pessoas bem instaladas”.
Para mim, estas declarações são gravíssimas. Mais uma vez se mostrou o quanto os membros do Governo são insensíveis, ao desvalorizarem uma situação tão importante como esta.
É lamentável que tenhamos que ouvir comentários deste tipo.
O povo Português merece mais … muito mais!

Carlos Assunção (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina. 

terça-feira, 14 de abril de 2015

[Opinião +D] Quem mais quer ser candidato?!…

Desculpem lá, mas deixem-me voltar ao tema das presidenciais…
Só por hoje, para a semana já não volto a fazê-lo (uma decisão quase tão irrevogável como a do nosso “amigo” Portas…)…
É que a confusão vai grande… Eu cá por mim já não sei quem é e quem não é candidato, quem o quer ser e quem não o quer, quem uns querem que seja e quem se julga que outros o querem.
Desde que Henrique Neto teve a coragem de ser o primeiro a assumir-se como tal, sem dúvidas, outros que estavam cheios de vontade de também o fazer, perderam a vergonha e avançaram. Ou será que terão é tido medo de perder o comboio e depois entretanto já não fazer grande sentido tentar a sorte de vir a ocupar o palácio cor-de-rosa?! Não sei…
E temos Nóvoa a julgar que vai ser apoiado pelo PS enquanto gente do topo da hierarquia do partido quer ocupar essa posição… Para já não falar de mais 20 ou 30 presidenciáveis dentro do PS…
E temos Carvalho da Silva quase certo…
E temos Paulo Morais que finalmente se decidiu por alguma coisa…
E temos os eternos Defensor de Moura, Orlando Cruz e agora Paulo Freitas do Amaral que talvez beneficie e em simultâneo se prejudique com a familiaridade com aquele a que este apelido nos leva.
E virá ainda Marinho Pinto?!... 
Para já não falar de Marcelo ou Rio ou Santana…
Cá vamos estamos para ir vendo…

Francisco Mendes (Membro da Coordenação Nacional +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.  

segunda-feira, 13 de abril de 2015

[Opinião +D] Uma noite em Setúbal

O que levará mais de meia centena de pessoas – das mais diversas gerações – a estarem mais de três horas, até à 1 da manhã, a discutir o futuro de Portugal?

Decerto, o estarem preocupadas com o estado do país. Se não estivessem, se não considerassem que vivemos uma grave crise – porventura, uma das crises mais graves da nossa já longa história –, não iriam, com toda a certeza, ocupar dessa forma o serão de uma sexta-feira.

Mais ainda do que essa preocupação – pertinente e justificada – com o estado do país, o que essa mobilização denota é esperança, apesar de todos os sinais em contrário. Se não houvesse, apesar de tudo, esperança no futuro de Portugal, ninguém teria estado no Club Setubalense na noite de 10 de Abril.













A sessão foi promovida pelo Movimento “Nós, Cidadãos” e teve como oradores Rui Rangel, João Gil Pedreira e Mendo Castro Henriques, Porta-Voz do mais recente partido político português. O mote foi “Resgatar Portugal” e as diversas intervenções tiveram sempre esse horizonte em vista, ainda que o foco tivesse sido diverso. João Gil Pedreira contrapôs, ao resgate dos Bancos, o mais fundamental resgate das Famílias e das Empresas – porque só assim teremos futuro. Sim, as pessoas, os cidadãos primeiro!







Foi uma intervenção tecnicamente muito sustentada, em que se fez uma retrospectiva das razões da crise financeira que nos assola – salientando-se o papel da “bolha imobiliária”, que levou a que muitas das habitações entretanto compradas através de empréstimos bancários se tenham desvalorizado abruptamente, sem que o valor desses empréstimos se tivesse alterado na mesma medida. Ou seja, com esta crise, muitos de nós ficámos reféns dos Bancos.








Apesar do registo necessariamente mais técnico, a assistência seguiu com atenção as palavras de João Gil Pedreira – prova de que nem todos seguem os caminhos mais fáceis, demagógicos e populistas. Antes do muito participado período de debate, falaram ainda Mendo Castro Henriques e Rui Rangel. Também sobre a necessidade de “resgatar Portugal”, mas aqui extravasando a área estritamente económica e financeira. Rui Rangel dissertou, de forma eloquente, sobre o imperativo de “resgatar Portugal do nosso sistema político”, que tem impedido que os cidadãos possam realmente fazer ouvir a sua voz.

















Não sabemos se o “Nós, Cidadãos” será capaz de tão ambicioso desiderato. 
Sozinho, decerto não será. Mas poderá ser o primeiro passo de um longo caminho que levará a que os todos nós, cidadãos, possamos estar bem melhor representados na Assembleia da República e participar muito mais na definição do nosso futuro colectivo. Se isso tivesse acontecido no passado, com certeza que não teríamos chegado a esta situação. Para sair dela, é imperioso que isso passe a acontecer. Como não se cansa de reiterar Mendo Castro Henriques, muito mais que um nome, “Nós, Cidadãos” é todo um Programa. Oxalá se cumpra, por Portugal!












Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)
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domingo, 12 de abril de 2015

[Opinião +D] Somos todos Charlie, mas não muito!

Recentemente em Garissa, no Quénia, os operacionais do Al-Shabab, entraram numa residência universitária. Em cada quarto, tratavam de saber quem era cristão, quem era muçulmano. E quem era cristão era executado ali mesmo. Mataram 148 jovens.
É triste ver que nenhuma multidão se juntou nas ruas europeias, não houve um movimento viral nas redes sociais, os canais de notícias não pararam a sua programação para fazer diretos. Não vi os líderes das grandes potências mundiais rumarem a Nairobi para mostrar que a humanidade está unida contra os atentados terroristas.
Porque é que quando dos atentados que ocorrem em países mais ricos, os políticos e a comunicação social hipocritamente se manifestam contra, fazem desfiles, debates mostrando a sua revolta e quando acontecem tragédias semelhantes em países pobres, ninguém parece dar importância? Não somos todos iguais? Porque é que existem então estas diferenças de comportamento?
Não podemos ignorar estas tragédias, temos que acabar com esta discriminação.
Se quisermos, todos juntos é possível combater estes atentados e acabar com estas tragédias tanto nos países ricos como nos mais pobres. 
TODOS temos o direito a viver livremente independentemente das raças, religiões, sexo ou orientação política.

Carlos Assunção (membro da Coordenação Nacional do +D)

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terça-feira, 7 de abril de 2015

[Opinião +D] Agarrem-me senão candidato-me!…

No passado sábado assistimos a um fenómeno curioso e creio que inédito!
A apresentação pública da possibilidade de alguém se vir a apresentar como candidato, neste caso presidencial, mas sem ainda ter a certeza de o ir ou não ser. Feita pelo próprio!
Confuso?! Sim, é mesmo!
Testar apoios?! Pedido encapotado desses mesmos apoios?! Sei eu lá…
Mas lá que isto distorce ainda mais o nosso sistema político e eleitoral já de si bem torcidinho, disso não há dúvidas…
A candidatura à Presidência da República não deve ser unipessoal e minimamente independente?! Mesmo que venha a ter apoio(s) partidário(s), faz sentido que essa seja a condição para surgir?!
Ai, é verdade, já ia terminar sem referir o nome de a quem me refiro e o potencial partido a cujo apoio esse proto-candidato se estará a candidatar… Mas não vale a pena, pois não?! Já perceberam tudo, não já?

Francisco Mendes (Membro da Coordenação Nacional +D)

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