segunda-feira, 30 de junho de 2014

[Opinião +D] Um Debate a germinar

Numa recente ida a Estremoz com o nosso amigo Carlos Vargas, para uma sessão de evocação do escritor António Telmo, surgiu a ideia de promovermos um Debate sobre a crescente hegemonia da China – não só no Oriente, mas, cada vez mais, por todo o mundo.
Agendámos entretanto um almoço com o general Garcia Leandro e, muito naturalmente, a ideia sedimentou-se. Há já sub-temas definidos e alguns nomes a convidar.

Tudo isto, obviamente, sem esquecer a forma como essa crescente hegemonia se faz sentir, de diversos modos, no espaço lusófono, e o particular papel de Macau nessa dinâmica, algo que o professor Adriano Moreira, com a sua (re)conhecida lucidez, tem salientado em muitas das suas intervenções. Em breve, haverá novidades.

Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina. 

sábado, 28 de junho de 2014

[Opinião +D] Encerramento de escolas

Esta semana veio a público a notícia que o governo ia encerrar 311 escolas do ensino básico por todo o país.  

O critério usado pelo Governo, seria encerrar todas as escolas do primeiro ciclo do ensino básico que tenham menos de 21 alunos.  

As questões que eu ponho são as seguintes:

- Estas medidas irão obrigar crianças de pouca idade a fazer viagens diárias demasiado prolongadas, pondo em causa o bem-estar das crianças e o seu aproveitamento escolar, criando o risco de abandono escolar.

- Vai-se proceder ao encerramento de escolas sem que esteja previsto qualquer reforço da rede de transportes públicos e sem que tenha sido considerado qualquer apoio às famílias mais carenciadas que não dispõem de transporte próprio.

- Com estas medidas as turmas irão ficar com uma grande concentração de alunos o que vai criar mais dificuldades na qualidade do ensino. Outro grande problema que as escolas irão enfrentar é a falta de pessoal auxiliar para cuidar do aumento de população escolar. As salas de aula, também não estão preparadas e equipadas em condições de receber um grande número de alunos.

- Existem algumas crianças que se encontram apoiadas pela comunidade e com estas medidas seriam afastadas do seu núcleo familiar e de vizinhos que são, muitas vezes, a sustentabilidade necessária para que estes alunos se possam manter dentro do sistema de ensino.

- Esta reorganização escolar vai dar origem a um aumento da desertificação do interior do país, visto que algumas famílias irão optar por se deslocar para os grandes centros urbanos.

- O Governo não pode só centrar-se nos grandes centros urbanos e hipotecar o futuro do interior do país.

Mais uma vez o Governo mostra a sua indiferença em relação às pessoas e só se preocupa com os números. É verdade que temos que cortar na despesa, mas será que temos que exigir tantos sacrifícios aos Portugueses? Haverá certamente outros sectores onde se podia cortar. 

Carlos Assunção (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina. 

quinta-feira, 26 de junho de 2014

[Opinião +D] A que Estado chegámos mesmo?!

No último sábado, 21 de Junho, teve lugar um debate em Lisboa com o mote “O Estado a que Chegámos”, organizado pela nossa/vossa Associação +D – Democracia em Movimento, que a grande maioria dos que a acompanham foi conhecendo e batizando de “Mais Democracia”.  
Como muitos de vocês sabem, até porque alguns lá estiveram presentes, tivemos Vasco Lourenço e Garcia Leandro a conversar connosco também sobre a sua rica e motivadora experiência.
Se olharmos para o costumeiro nestas iniciativas, mesmo quando organizadas, divulgadas e promovidas por partidos políticos com dimensão ou por outras entidades conhecidas da generalidade, e se quisermos “tapar o sol com a peneira” como muitas vezes muito gostamos de fazer, diremos com convicção que este evento foi um êxito também em número de participações. E digo também, porque em termos da qualidade e conteúdo das intervenções, quer dos convidados para estarem presentes como oradores, quer daqueles que ali estiveram dispostos a assistir e intervir na prevista altura contribuindo com as suas ideias e com as suas opiniões, a participação foi mesmo ótima!
Mas, se falarmos de uma ideal e alargada participação daqueles que, no Facebook, e mais aqui e mais além, parecem manifestar vontade de agir, de contribuir, de vencer a inércia que nos leva a ficar em casa a ver televisão ou a dormir a sesta num sábado à tarde, calma e passivamente, a coisa fica muito aquém…
Claro que as cerca de 70 pessoas que por ali passaram naquele dia cinzento que foi o primeiro deste nosso verão, valeram tudo o que se procurou ali conseguir. Mas, para quem não se resigna com a pretensa ação dos que de tudo dizem mal e que sobre tudo sabem opinar, refugiados na facilidade dos comentários de café, de Facebook e noutras formas distantes, isto não basta.
Antes de terminar este texto que mais é um desabafo, lembro os mais distraídos que “o Estado a que Chegámos”, expressão que como disse serviu de tema a este debate de que aqui falo, foi retirada da conversa que Salgueiro Maia teve com os seus militares na Escola Prática de Cavalaria de Santarém no dia 24 de abril de 74, à noite, já quase madrugada, antes de partirem para Lisboa nesse dia histórico, que todos devemos sempre recordar com orgulho. Alturas em que gente de convicção e muito valor levava outros a defenderem aquilo em que acreditavam sem pestanejar nem pensar (só) no que poderiam vir a lucrar pessoalmente com as suas atitudes…
Essa gente voltará? Estará ainda esse espírito lá bem no fundo dentro de nós?!
Francisco Mendes (Membro da Coordenação Nacional +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina. 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

[Opinião +D] Meditações hegelianas durante o Mundial

Ainda que não o saibam, todos os comentadores de futebol são, em geral, hegelianos. Encontram (quase) sempre uma “justiça” naquilo que muitas vezes é estruturalmente aleatório, como se de facto o devir da história fosse a expressão da “realização do Espírito”. O devir da história talvez sim, em última instância, mas não, por regra, um jogo de futebol…
Ainda que não de forma hegeliana, mas “socrática”, definido está já o resultado final da contenda socialista. O povo tem, de facto, memória curta e prepara-se, pela mão de António Costa, para ressuscitar o “socratismo”. Não há forma de vencer a onda mediática que se está a criar em torno do ainda Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, de longe o político português com melhor imprensa. Nem o facto de abandonar a governação da capital do país escassos meses após ter sido eleito causa a menor crítica. Outro fosse…
Outra contenda com o resultado já definido é aquela que tem oposto o nosso (Des)Governo ao Tribunal Constitucional. Esta, de resto, é um dos exemplos maiores do estado de negação em que temos vivido nos últimos anos. Anda meio mundo a discutir a constitucionalidade de umas quantas medidas sem discutir a constitucionalidade da sua raiz: será que o Tratado Orçamental assinado por PSD, CSD e PS é constitucional? E o acordo com a Troika? Já para não falar de todo o processo de integração na (Des)União Europeia…
Seja qual for a resposta, o que não se pode pôr em causa é, já se sabe, a nossa Constituição. Todos os regimes têm, de facto, as suas “vacas sagradas”. O Estado Novo, pela voz de António de Oliveira Salazar, “não discutia a Pátria”. O nosso regime, que se diz democrático, proíbe-se de discutir a Constituição – e, “cruzes credo”, de a referendar, o que é decerto um dos absurdos maiores do nosso sistema político –, mesmo que se venha a decretar a inconstitucionalidade da realidade. Aí, parece-me, somos bem pouco hegelianos. Em última instância, a realidade vence sempre. Aí sim, é exactamente como no futebol: “são onze contra onze e no final ganha a Alemanha”.

Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina. 

sábado, 21 de junho de 2014

[Opinião +D] Quebra de valores

Todos nós gostamos de ser respeitados e isso são valores que desde pequenos temos de receber e saber usá-los.
É certo que todos nós temos o direito de nos manifestarmos e com isso mostrarmos a nossa indignação, mas lembram-se do que aconteceu quando um grupo de estudantes mostrou o “traseiro” ao Ministro da Educação? O efeito foi devastador! A população que apoiava a ideia de um ensino superior universal e gratuito virou-se contra os estudantes uma vez que pagava para ter melhores e mais educados quadros superiores e não para ter uma camada social sem valores (ou mais vulgarmente mal criada).
Agora a questão é: será que quem ensina não tem a especial missão de dar exemplo em matéria de valores?
Todos devemos ser activistas e quanto necessário, mas fica-nos muito mal quando o nosso adversário desfalece e sobre ele continuamos a “marchar”. Falo da atitude do secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, quando interrogado porque não parou quando o Presidente da República desfaleceu, a sua resposta foi algo do género: não me apercebi e se me apercebesse o que tem?
Depois querem que os alunos tenham respeito pelos professores, deve ser verdade! 
Ricardo Trindade Carvalhosa  (membro da Coordenação Nacional do +D)


Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

terça-feira, 17 de junho de 2014

[Opinião +D] Alertas

Mesmo os mais optimistas sentem o mundo num “alvoroço” inquietante. Os conflitos anunciam-se como podendo desplotar uma temível tragédia como outras que antes aconteceram. A União Europeia, que tem vivido um período de paz e de acalmia, pode confrontar-se com cenários de guerra que comprometam o estado, relativamente pacífico, das últimas décadas. Ucrânia, Israel, Palestina, Iraque, Turquia, Síria, Afeganistão podem anunciar-se como bombas explosivas, com rastilhos comprometedores, deste relativo sossego da União Europeia. A generalizada crise económica, dos últimos tempos, pode augurar esta situação. Os sinais não deixam de se fazer sentir. Cito alguns: o  corte de petróleo e de gaz natural, pela Rússia à Ucrânia; o XXI Congresso Mundial de Petróleos, sobre a responsabilidade energética a decorrer, nesta altura, na Rússia; o excessivo aumento (maior dos últimos nove meses) do preço do petróleo. Acrescem a isto as tomadas de posição, na cena económica mundial, dos Países emergentes, nomeadamente da China. E, neste novo teatro de operações, surgem diferentes enquadramentos. Angola, presente no  Congresso supracitado deste Conselho Mundial, constituído pelos 80 Países produtores de petróleo prepara-se para para presidir de novo, após 2002, ao Conselho de Segurança da Nações Unidas, invocando a sua experiência na mediação de conflitos. O Papa Francisco, consciente dos iminentes perigos, no seu périplo às zonas onde, de forma mais cruel, os atentados à vida tem lugar, fez apelo à paz e à oração, em iniciativa inédita. Não deixa ainda de se revestir de significado que, a reunião do Clube Bilderberg encerrada no último domingo, na Dinamarca sem qualquer declaração pública, segundo investigadores indicia fortes indícios de que a Europa pode mergulhar, a breve prazo, num conflito armado (El Confidencial, in Correio do Brasil). O tom pode parecer demasiado pessimista mas não há dúvida que não vivemos no melhor dos mundos e que os que mandam “nisto tudo” fazem da gente, marionetas que comandam ao sabor dos seus interesses. Vale a pena acreditar assim tanto neles?


Maria da Conceição Serrenho Couvaneiro (Conselho Geral do +D)

 Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de  membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina. 

segunda-feira, 16 de junho de 2014

[Opinião +D] A ilusão federalista

Caro Paulo Trigo Pereira

Decerto, devemos fomentar os mais altos sonhos, mas sem nunca tirar os  pés da realidade. O nosso comum amigo Agostinho da Silva, de saudosa memória, defendeu, por exemplo, desde a década de cinquenta, “uma Confederação dos povos de língua portuguesa” [cf. O Estado de São Paulo, 27 de Outubro de 1957]. E por isso tem sido recordado como um dos principais inspiradores da CPLP: Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, por mais que esta continue muito aquém do sonho agostiniano.
Poder-se-á discutir se essa “Confederação” é ou não realizável. Para além de todos os argumentos pró e contra, há um a meu ver decisivo: não podemos dizer que ela é irrealizável pela simples mas suficiente razão de que nunca foi realmente tentada. Sendo certo que, na minha perspectiva, ainda não chegou o momento histórico para darmos esse passo, por mais que eu, enquanto Presidente do MIL: Movimento Internacional Lusófono, o almeje.
Tudo tem o seu momento histórico. Num passado já longínquo – falo da Idade Média –, o federalismo europeu, por ti defendido num artigo recente (“Cidadania Europeia, Tratado Orçamental e política doméstica”, PÚBLICO, 11.05.2014), teria sido possível: dadas as afinidades civilizacionais, religiosas e até linguísticas entre os povos europeus de então. Admito que, num futuro ainda mais longínquo, ele volte a ser possível. No nosso horizonte histórico, parece-me cada vez mais evidente que não. E que persistir nessa ilusão só nos pode afundar ainda mais.
Repara que eu digo simplesmente que o federalismo europeu não é possível. Não que não fosse desejável – a esse respeito, nada tenho a objectar aos argumentos que aduzes, desde logo quanto às vantagens da  mutualização da dívida. Decerto, também no plano geopolítico seria desejável, pois só assim a Europa seria equiparável às grandes potências que referes: “EUA e Rússia”. Não por acaso, duas federações. No entanto, ao contrário do que defendes, o modelo americano (irei depois ao modelo russo) não é, a meu ver, minimamente transponível para a Europa.
Como bem sabes, a federação norte-americana construiu-se numa circunstância de grande homogeneidade aos mais diversos níveis – dada a hegemonia da comunidade WASP (White, Anglo-Saxon and Protestant) e a relativa paridade entre os diversos Estados. E mesmo assim no rescaldo de uma guerra civil… Hoje, com a inevitável auto-determinação de outras comunidades (refiro-me, em particular, às comunidades afro-americana e hispânica), atrevo-me a dizer que ela não seria possível de construir.
Seja como for, a unidade que, apesar de tudo, (ainda) existe nos EUA, não se encontra, de todo, na Europa, como esta crise veio evidenciar.
Manter pois essa ilusão de uma unidade europeia só nos afastará ainda mais de um caminho realista e sustentável.
Quanto ao modelo russo, que não analisas, ele só foi possível, como igualmente bem sabes, pela gigantesca hegemonia de uma das partes (a Rússia) sobre todas as outras. Na Europa, havendo uma relativa hegemonia da Alemanha, ela não é assim tão grande para que esse modelo fosse transponível. A França, desde logo, jamais o aceitaria… Em suma, devemos decerto cooperar, no âmbito europeu, aos mais diversos níveis. Nalguns planos, poderemos e deveremos até aprofundar essa cooperação. Mas abandonando de vez a ilusão federalista. Não há futuro sustentável que se possa fundar numa ilusão. Os resultados das últimas eleições europeias deveriam ser a prova final disso mesmo. Sejamos sonhadores, mas realistas.

Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina. 

domingo, 15 de junho de 2014

[Opinião +D] Poder local

Eu, como muitos portugueses, acreditamos cada vez menos nos políticos ou melhor acreditamos cada vez menos nos partidos. Isto porque os partidos se tornaram enormes máquinas de servir interesses deste ou daquele sector e, infelizmente, servem muito pouco o bem comum e o interesse nacional assim que alcançam o poder. E aquela que parece ser uma interminável alternância entre PS ou PSD no comando dos destinos de Portugal ainda agrava mais esta situação.
Acredito que hoje em dia muitos de nós estão tentando mudar este estado de coisas. Mas que fazer para mudar? Os grandes partidos parecem não querer ou não conseguirem mudar a sua própria estrutura interna e modo de funcionar. Depois há os outros partidos. Os ditos pequenos partidos dos quais quase não ouvimos falar a não ser, talvez, nas eleições para logo após estas parece que se evaporam.

A minha esperança vira-se, sem dúvida, para a cidadania e para o poder local. Porquê? Porque acredito que as grandes mudanças exigem tempo, exigem paciência e exigem mudança de mentalidades. Por isso, é nas estruturas locais e de proximidade em que acredito se deve apostar mais para mudar alguma coisas. Presidentes de juntas e Presidentes de autarquias mais bem formados e mais exigentes que façam realmente trabalho juntos das comunidades locais.
Por outro lado, cada um de nós enquanto cidadão devia também tornar-se mais ativo e empenhado politicamente. Devíamos ser os primeiros a apresentar propostas para orçamentos participativos juntos das autarquias, participar nas assembleias de freguesias e apresentar propostas juntos destas estruturas locais. Porque não podemos exigir se somos os primeiros a não fazer, a não lutar pelo que queremos e a não acreditar que algo pode mudar.


Margarida Ladeira (Membro da Coordenação Nacional +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

sábado, 14 de junho de 2014

[Opinião +D] Mundial 2014

Chegou a altura do ano favorita dos políticos. E porquê? Porque o Mundial 2014 já começou e andamos todos um pouco distraídos.
O povo agora preocupa-se mais com as cores das sapatilhas do Ronaldo ou que música é que ele está a ouvir e anda a ver todos os jogos de futebol com grande entusiasmo.
Pelo menos nesta altura o povo arranjou um pretexto para continuar a não ligar à política.
Ora, digam lá que não é uma oportunidade de ouro para o Governo aumentar impostos, fazer mais cortes e despedimentos. Aproveitam o desligamento do povo e ainda se sentem mais à vontade para fazerem o que querem.
Quando as pessoas derem por isso, as medidas duras já estão aprovadas sem que ninguém tenha dado conta.
Eu adoro futebol e vou fazer tudo para tentar ver os jogos da seleção portuguesa, mas tento acompanhar o que se passa à minha volta, porque sei que isso é que realmente interessa para o meu futuro.
Acho que quem gosta de futebol devia aproveitar este momento único que é um Mundial, mas não ficar mais apático em relação ao que se passa em seu redor.
Preocupem-se também com os vossos destinos e do País, antes que seja tarde demais.
PS: Viva Portugal. 

Carlos Assunção (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina. 



quinta-feira, 12 de junho de 2014

[Opinião +D] Portugal ainda tem Gente?!

Na semana passada estive nas Finanças. Local onde cada vez mais de nós tem de ir para tentar tratar e resolver(?!) reais problemas de dificuldades de pagamento de “dívidas” que nos vão dizendo e incutindo que temos de pagar, tenhamos ou não dinheiro para o fazer…
Mesmo que todos tenham perfeita consciência da impossibilidade de muitos (e os funcionários destes serviços têm-na há muito e cada vez mais tentam ajudar no que podem) de fazer outra coisa que não seja deixar “alegremente” seguir tudo para execução fiscal para depois poder vir a ver os seus já normalmente parcos bens serem penhorados, não se abdica duma frieza de ação própria de um país que só pensa nos números e que não se lembra mais que nada faz sentido sem pessoas.
Como é possível ser-se insensível ao ponto de exigir dos reformados valores de IRS completamente incomportáveis e inadequados às imprescindíveis despesas de um simples lar que, pelo menos enquanto não os quisermos matar de solidão e fome, são quase sempre completamente inevitáveis?! Como é possível exigir que quem tem casas, que gradualmente vêm perdendo o seu valor comercial e que quem já não as pode sustentar não as consegue vender e tem praticamente de as doar, pague um IMI não suportável?! Como é possível que, até ao morrermos, tenhamos primeiro de ter quem nos pague o funeral para recebermos largos meses depois o respetivo pagamento da Segurança Social, que não o faz sem o comprovativo de estar tudo completamente pago e saldado?!
E quem somos nós, 10 milhões de portugueses, que continuamos a amedrontarmo-nos com estas ameaças, que, qual criminosos, aceitamos como  a nossa “pena” e, pior, a dos outros, sem qualquer revolta, sem qualquer tentativa de ação conjunta e refugiamo-nos mas é na necessidade da nossa (suposta mas só infrutífera) defesa pessoal?
E porque não nos revoltamos? Porque não assumimos que também fazemos parte desse grupo que já não pode suportar a dita austeridade que mais não é do que tortura? Não assumimos porque temos vergonha! Vergonha de um suposto crime que não cometemos! Vergonha de não conseguirmos cumprir as responsabilidades que na realidade são dos outros…
Até quando o faremos?! Até percebermos que já nada temos a perder e que a única opção é unirmo-nos pela mudança. Conhecem outra forma? Eu não… Mas sei também que, acomodados e convencidos de que ainda temos muito a ganhar para nós próprios individualmente ao sermos coniventes com aqueles cuja postura só podemos e devíamos condenar e ajudar a punir, não vamos chegar a lado nenhum. E infelizmente, julgo mesmo que, se nos continuarem a saber “apertar os calos” inteligente e progressivamente, não iremos reagir…
Mas, no fundo, no fundo, ainda tenho uma réstia de esperança de que um dia, finalmente, venhamos a cumprir a canção do Pedro Abrunhosa: “Todos, todos, lá para trás; Queremos pão, queremos paz; Todos, todos lá para trás.”
Francisco Mendes (Membro da Coordenação Nacional +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

[Opinião +D] "Talvez seja tempo de juntar pessoas que pensem em novas palavras, novos modelos, novos países e também novos cidadãos."

"Talvez seja tempo de juntar pessoas que pensem em novas palavras, novos modelos, novos países e também novos cidadãos. Tempo de criar uma ideologia revolucionaria de futuro que seja um aprofundamento da democracia e não uma metástase de fascismos à direita e à esquerda.
Uma ideologia moral e não amoral. Uma civilização que se saiba proteger da barbárie de nós próprios, da ambição desmedida e sobretudo que nos salve de um mundo sem controlo onde os mercados têm o verdadeiro poder e não os Estados. Mercados que não são controlados por ninguém. Um mundo de loucos." Luís Osório, Sol de 5 de junho de 2014.

Essa "ideologia de futuro" já existe. Mas não é exatamente uma "ideologia", mas mais uma "metodologia", um conjunto de técnicas, métodos e processos de refundação da democracia representativa conhecido como "democracia participativa". O objetivo, o vetor e o impulso é o de introduzir de forma gradual, a democracia semidireta na atual bloqueada, desacreditada e, pior ainda, corrompida, democracia representativa.

Existem duas formas de concretizar esta "revolução tranquila": formando partidos novos, de matriz participativa ou reformando, por dentro, os partidos existentes. A primeira via pode parecer mais "pura" ou simples, mas dadas as limitações impostas pela Lei dos Partidos, a crónica insuficiência de recursos financeiros numa organização deste tipo (excepto quando aparece um "Beppe Grillo"....) e a falta de cobertura mediática, leva-nos a crer que essa via está barrada. Resta, até por exclusão de partes, a via da reforma partidária, a partir de dentro, em correntes de opinião ou tendências (nos partidos que as permitem) e introduzir pouco a pouco, de forma gradual, paciente mas decidida os princípios, métodos e ferramentas da democracia participativa.

Não vai ser fácil reformar, a partir de dentro, os partidos políticos.
Especialmente aqueles que se têm alternado, num malfado "ciclo eterno" no poder, naquilo a que nos finais do século XIX se designava de "rotativismo democrático": as teias de interesses (financiamentos, troca de favores e empregos, corrupção) são densas. A distância entre os aparelhos semiprofissionais e os militantes de base enorme. A crise de representatividade enorme, como indiciam os esmagadores (e crescentes) números da abstenção. Não vai ser fácil vencer todos estes obstáculos, mas é possível. Apesar de toda a canga que se desenvolveu e fez carreira desde as "jotas" nos partidos, continua a existir uma maioria de militantes e até de dirigentes (em todos!) que genuinamente acredita em fazer o melhor pelo país, que o seu trabalho é um serviço e que se conduz por aquilo que crê ser o melhor interesse público. Mas apesar de maioritários, esses militantes são proporcionalmente muito menos influentes que os elementos corrompidos (não necessariamente "corruptos") pela Situação. Tal bloqueio pode ser vencido. Insuflando novos militantes, reorganizando os militantes em novas forças internas que defendam os valor da participação e da cidadania e renovando, por dentro, os partidos políticos.

Precisamos de uma Democracia 2.0. E essa democracia é possível. Assim o queiramos que seja. Dentro dos partidos (se tal for mesmo possível!)
Ou fora, criando novos.

Rui Martins (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

[Opinião +D] Saudação a um “anti-lusófono”

Realiza-se esta semana mais um Colóquio sobre a lusofonia – o que constitui, por si só, um bom sinal dos tempos. Não há semana que passe sem que não se multipliquem os encontros sobre a lusofonia ou de escala lusófona, como, por exemplo, os encontros lusófonos de ordens profissionais: engenheiros, médicos, etc.
Este a que me refiro e em que irei participar, apresentando o mais recente número da revista NOVA ÁGUIA, tem por título “Agostinho da Silva: o rosto da lusofonia”, o que igualmente constitui um bom sinal dos tempos: não só Agostinho da Silva não é esquecido, vinte anos já após a sua morte, como é cada vez mais recordado como um dos “rostos da lusofonia”.
Lamento apenas que, para este Encontro, não tenha sido convidado António Pinto Ribeiro (APR). Um ano após ter expressamente pretendido, nas páginas do jornal PÚBLICO, “acabar de vez com a lusofonia” (18.01.2013), volta agora à carga, com a sua estafada tese de que “a lusofonia é, por seu lado, na sua componente neocolonial e passadista, uma das formas mais arcaicas de relacionamento com o mundo na sua diversidade” (“Podemos ter presente?”, PÚBLICO, suplemento “Ípsilon”, 30.05.2014, p. 37).
Decerto, todos os presentes neste Encontro – que deveria mudar assim o título para “Agostinho da Silva: o rosto do neocolonialismo” – gostariam de ser confrontados com o “facto” de serem, no fundo, neocolonialistas, a começar por Mário Soares, um dos participantes no mesmo. É sempre bom ser revelada a verdade sobre nós próprios, por mais surpreendente que seja.
Não tendo sido APR convidado para cumprir essa tão benéfica tarefa, permitir-me-ei ser o seu porta-voz. No fundo, concordo com ele: também eu considero que “a lusofonia é uma das formas mais arcaicas de relacionamento com o mundo na sua diversidade”. Mas não, claro está, pelas mesmas razões. No “meu” dicionário, o termo “arcaico” deriva da palavra grega “arcké”, que significa “princípio”. Concluo pois assim que a lusofonia, pela importância que confere à língua, à cultura e à história, é, no nosso caso, uma das formas mais principiais (e, por isso, fundamentadas) de relacionamento com o mundo na sua diversidade.
Quanto aos demais qualificativos – “neocolonial” e “passadista” –, aí vou ter que corrigir APR. Não sendo preciso aduzir muitos argumentos.
Basta lembrar um facto: só há relação (neo)colonial quando há um (neo)colonizador e um (neo)colonizado; ora, atendendo a que (facto indesmentível) são cada vez mais os ex-colonizados os primeiros a falar de lusofonia, por vezes perante a indiferença e até a relutância dos ex-colonizadores, isso, por si só, desfaz a “tese” de APR; a menos que se argumente que há povos que gostam de ser (neo)colonizados, o que, julgo, nenhum de nós defende.
Se não for esse o caso, eu próprio convidarei APR para um Colóquio que se realizará em Cabo Verde, a 17 e 18 de Julho, onde estarei igualmente presente, para “pensar a lusofonia no século XXI”. Os cabo-verdianos,  sem dúvida, gostarão de saber que, ao falarem cada vez mais de lusofonia, estão na verdade a manifestar a vontade de serem (neo)colonizados… É de facto extraordinária a capacidade reiterada de  algumas pessoas de verem o mundo ao avesso. Há dez anos, para não recuarmos mais, muito poucos falavam de lusofonia. Há cinco anos, apenas poucos mais. Hoje, é difícil encontrar alguém que não compreenda a importância estratégica da lusofonia para o nosso futuro colectivo à escala global. Felizmente, temos APR. Saudemo-lo por isso.

Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina. 

sábado, 7 de junho de 2014

[Opinião +D] Redes locais

Todos nós sabemos que a sociedade que nos rodeia precisa de ser menos egoísta e que temos sérias dificuldades à nossa volta. Supostamente nada temos a ver com isso. Essas questões são do foro do Estado e não me devo intrometer na vida dos outros.
Será que nada temos a ver com isto?
Pergunto então quem é o Estado? (das ideologias mais liberais às mais comunistas todos vão dizer que o Estado somos nós todos).
Em países mais evoluídos estes temas são abordados pelos seus cidadãos desde pequenos nas escolas, em componentes cívicas e colocadas num ponto de vista em que tudo nos diz respeito. Segundo esses parâmetros, se um passeio está danificado é nosso dever comunicar às autoridades competentes para fazerem a sua reparação, se alguém passa fome temos a obrigação de, se não pudermos, pedir apoio a instituições que possam ajudar as famílias carenciadas. Se há pessoas da terceira idade que por questões de mobilidade têm dificuldade de ir ao centro de saúde, há que arranjar meios para podermos facilitar os seus cuidados médicos.
Por outro lado, fazer acções de voluntariado e criar redes que possam colmatar as faltas do Estado é uma boa forma de fazer estas ligações que faltam. Veja-se o caso do ReFood em que toneladas de comida iam para o lixo e que estavam em bom estado. Agora um grupo de voluntários vai buscar aos restaurantes essa comida em excesso para dar a quem mais precisa.
Em Cascais, já há voluntários para serem uma espécie de “curadores” de bairro. São pessoas que têm um telemóvel da Câmara Municipal, tem só uns números pré-determinados (serviços da Câmara) que os voluntários devem contactar em caso de dano de algum equipamento de rua.
Quanto a idosos sem mobilidade ainda não sei quem possa resolver esta questão. Quem sabe um dia destes o +D comece a organizar esforços para isto acontecer!
Ricardo Trindade Carvalhosa  (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

[Opinião +D] Mamã aquele menino não me dá os chocolates!

Mas que mal fizemos para merecer este bando de chantagistas a governar-nos? Algum devemos ter feito. Como é possível estarem na mó de cima fazendo tanta porcaria impune e despudoradamente ? Porque os endeusamos ?
Acho que não! Acho que é do Síndroma do Chocolate. Toda a gente que é gente quer meter a mão no pote do Mel e lambuzar-se pelo que vai reproduzindo de um lado para o outro e de cima para baixo o que o  possa manter ao alcance dos que distribuem o acesso ao tesouro doce. Pode ser uma migalha ou um lingote. Tudo serve e justifica a palmadinha nas costas e outros atos de afeto contrabandeado. Como querem que acreditem e acompanhem os caminhos e ideias que vão defendendo conforme as circunstâncias ? Não há pachorra nem vontade de suportar estas birras. Trata-se afinal de quem define e cava os alicerces do futuro. Quero acreditar que são o alicerces do futuro e não o seu túmulo, mas os meninos da birra do chocolate cada vez estão mais parecidos com coveiros.



Carlos Seixas  (membro da Coordenação Nacional do +D)
Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

terça-feira, 3 de junho de 2014

[Opinião +D] É triste mas é verdade

Celebrou-se há pouco o dia da criança e, triste noticia: um quarto das crianças em Portugal vive na pobreza - mais de 27% - . Recuou-se uma década relativamente ao que havia sido conseguido já.  Sem dinheiro,  para material escolar, para transportes, para comer, estamos perante uma infância comprometida e, injustamente sofredora.  Os restantes, mesmo os que eram considerados da classe média, vivem as dificuldades inerentes às da sua estrutura familiar, sendo exemplos de tal: a ausência das saídas habituais em família, a suspensão de atividades extra curriculares  (a aprendizagem da música, entre outras), a ter, enfim, melhor educação. O direito de ser criança vê-se, assim, comprometido o que, naturalmente, dará lugar a um retrocesso civilizacional, sem precedentes. Acresce, a este facto, que os mais favorecidos, tanto económica como intelectualmente, são os que continuam, apesar de tudo, a ter mais privilégios, maiores financiamentos, através do erário publico, para a sua educação. Nos outros, "coitados", não vale a pena apostar. " Quem manda o sapateiro querer subir acima da sua chinela...?"  Mas onde andam os direitos da criança, proclamados há 55 anos (20 de Novembro de 1959) e, nomeadamente, o Principio II: "Direito a especial proteção para o seu desenvolvimento físico, mental e social", nesta política elitista e rocambolesca, Cratiana? E, o pior é que tenho visto isto defendido por, supostamente, "boas consciências". Vivemos acima da média, dizem. O mal foi a melhoria das condições sociais, o acesso à educação e à saúde, a ter na dieta alimentar leite e mais proteínas. A ter uma casa com luz e água. a deixar de andar de burro (parece que acabaram...) e a locomovermo-nos nuns carritos. Dos cada vez mais ricos não se fala ou então é para evidenciar o seu papel de "anjinhos da guarda" de protetores dos pobres. E das swaps (?), e dos submarinos (?), e dos investimentos aos bancos (estrangeiros) seus resgates disfarçados (?), e de todos os luxos de poucos, (?) e das "desgovernanças"...?  Disso não se fala ou pelo menos fala-se "à boca pequena", e de forma inconsequente. Uns estão condenados a ser pobres porque, os especiais (poucos), tem que comandar esta coisa. Salvar a Pátria, como se tem visto.Talvez um dos nossos patriarcas traga, de Copenhaga, boas noticias. Agora é que vamos ter boa saúde e... para todos. Talvez que a cultura também passe a ser mais erudita. Tenhamos fé.  


 Maria da Conceição Serrenho Couvaneiro (Conselho Geral do +D)

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segunda-feira, 2 de junho de 2014

[Opinião +D] Ainda sobre as Eleições Europeias

Ainda quanto ao candidato Marinho e Pinto, não o reduziria, ao contrário de muitos, a um epifenómeno “populista”. O seu resultado, na minha perspectiva, mostra que há espaço, muito espaço, para uma verdadeira alternativa à partidocracia que nos tem (des)governado nas últimas décadas. E mostra também que, em última instância, contam mais as  pessoas: mal ou bem, Marinho e Pinto parece bem menos “plástico” do que a maior parte da nossa classe política.
A essa luz, os resultados dos votos brancos e nulos é igualmente significativo: no seu conjunto, mais de sete por cento. O que é mais um sinal exuberante da inexistência de uma verdadeira alternativa à nossa partidocracia. Mas ela chegará, fatalmente. Se o princípio de que “é preciso mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma” é sempre o lema da “situação”, qualquer que ela seja, resta recordar o não menos forte princípio de que “a natureza tem horror ao vácuo”. Decerto, poderíamos evitar bater mesmo no fundo. Mas,aparentemente, será isso que irá acontecer. Só quando chegarmos ao “vácuo” acordaremos, horrorizados, do nosso torpor…





Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.