quarta-feira, 11 de junho de 2014

[Opinião +D] "Talvez seja tempo de juntar pessoas que pensem em novas palavras, novos modelos, novos países e também novos cidadãos."

"Talvez seja tempo de juntar pessoas que pensem em novas palavras, novos modelos, novos países e também novos cidadãos. Tempo de criar uma ideologia revolucionaria de futuro que seja um aprofundamento da democracia e não uma metástase de fascismos à direita e à esquerda.
Uma ideologia moral e não amoral. Uma civilização que se saiba proteger da barbárie de nós próprios, da ambição desmedida e sobretudo que nos salve de um mundo sem controlo onde os mercados têm o verdadeiro poder e não os Estados. Mercados que não são controlados por ninguém. Um mundo de loucos." Luís Osório, Sol de 5 de junho de 2014.

Essa "ideologia de futuro" já existe. Mas não é exatamente uma "ideologia", mas mais uma "metodologia", um conjunto de técnicas, métodos e processos de refundação da democracia representativa conhecido como "democracia participativa". O objetivo, o vetor e o impulso é o de introduzir de forma gradual, a democracia semidireta na atual bloqueada, desacreditada e, pior ainda, corrompida, democracia representativa.

Existem duas formas de concretizar esta "revolução tranquila": formando partidos novos, de matriz participativa ou reformando, por dentro, os partidos existentes. A primeira via pode parecer mais "pura" ou simples, mas dadas as limitações impostas pela Lei dos Partidos, a crónica insuficiência de recursos financeiros numa organização deste tipo (excepto quando aparece um "Beppe Grillo"....) e a falta de cobertura mediática, leva-nos a crer que essa via está barrada. Resta, até por exclusão de partes, a via da reforma partidária, a partir de dentro, em correntes de opinião ou tendências (nos partidos que as permitem) e introduzir pouco a pouco, de forma gradual, paciente mas decidida os princípios, métodos e ferramentas da democracia participativa.

Não vai ser fácil reformar, a partir de dentro, os partidos políticos.
Especialmente aqueles que se têm alternado, num malfado "ciclo eterno" no poder, naquilo a que nos finais do século XIX se designava de "rotativismo democrático": as teias de interesses (financiamentos, troca de favores e empregos, corrupção) são densas. A distância entre os aparelhos semiprofissionais e os militantes de base enorme. A crise de representatividade enorme, como indiciam os esmagadores (e crescentes) números da abstenção. Não vai ser fácil vencer todos estes obstáculos, mas é possível. Apesar de toda a canga que se desenvolveu e fez carreira desde as "jotas" nos partidos, continua a existir uma maioria de militantes e até de dirigentes (em todos!) que genuinamente acredita em fazer o melhor pelo país, que o seu trabalho é um serviço e que se conduz por aquilo que crê ser o melhor interesse público. Mas apesar de maioritários, esses militantes são proporcionalmente muito menos influentes que os elementos corrompidos (não necessariamente "corruptos") pela Situação. Tal bloqueio pode ser vencido. Insuflando novos militantes, reorganizando os militantes em novas forças internas que defendam os valor da participação e da cidadania e renovando, por dentro, os partidos políticos.

Precisamos de uma Democracia 2.0. E essa democracia é possível. Assim o queiramos que seja. Dentro dos partidos (se tal for mesmo possível!)
Ou fora, criando novos.

Rui Martins (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

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