A constatação desta realidade histórica vem provar que a vontade de poder político se superioriza à dos outros tipos puros, ou então que a estrutura de quase todas as sociedades implica, necessariamente, a supremacia daquele poder, ou finalmente que os outros tipos humanos rejeitam a procura daquela forma de poder. E neste último caso, ou porque não a consideram adaptada a si, ou porque não são felizes exercendo-a, ou porque sentem que os benefícios que dela poderiam extrair acabam por não compensar os sacrifícios que comportam.
O preço pago pelo usufruto do poder político será excessivo? A sua falta de conteúdo ético e material, o seu carácter eminentemente energético, assente numa fenomenologia psicológica de ordem emotiva, oferece o género de compensações que não satisfazem quer muitos dos que preferem obedecer, quer ainda aqueles que escolhem um tipo de existência liberta das pressões psíquicas e sociais que a vida política implica obrigatoriamente. Esta dialéctica do senhor e do escravo é uma das mais espantosas e dramáticas e realidades históricas, tendo adquirido na nossa época uma comprovação insofismável.
Chegamos, por fim, aos porquês, com dois casos que aparentemente têm o mesmo resultado final, a admissão de Vítor Gaspar e Paulo Portas do governo. Há que distinguir o poder real e a perspetiva de uma vida honesta, com o poder virtual numa análise futura enquadrada num alto cargo de favor em empresas com subsistência publica ou muito perto disso, é satisfação da fácil riqueza pelo “sacrifício” do poder político e das suas compensações.
A constatação negativa destaca Vítor Gaspar como uma personalidade com ética e de princípios, e Paulo Portas como um oportunista longe de ter princípios de ética e de honestidade entregue às delícias do poder presente e futuro meramente honorifico. A prova de que assim é já está gravado para memória futura.

Fernando Faria (membro da Coordenação Nacional do +D)
Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.
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