quinta-feira, 11 de julho de 2013

[Opinião +D] O Horror do Vazio e a Imperativa Necessidade de o Preencher

Assim como a natureza tem horror ao vazio, também o tem a Política… se os cidadãos se demitirem (ou foram condicionados a tal) esse vácuo será preenchido pelos poderes mais ou menos obscuros que hoje se movem na sombra e que condicionam já, em grande medida, as nossas vidas. Na verdade, o declínio muito sensível dos níveis de participação dos cidadãos na Sociedade Civil, seja na frente da vida associativa, seja na frente da militância política ativa, beneficiou essas forças subterrâneas de Poder que preencheram esse espaço.

As democracias vivem hoje uma época de profunda erosão da sua representatividade: os Partidos Políticos são mais fechados e dependentes dos seus aparelhos profissionais, de máquinas de marketing e de financiadores “abnegados” do que nunca. Os cidadãos atravessam um momento de auto-demissão e de demissão induzida pelos Media e pelos grupos económicos dos seus papéis ativos de cidadania. O afastamento entre eleitos e eleitores alcança tais dimensões que somente a via do protesto (cada vez mais violento) se assume de alguma relevância, como demonstram as Primaveras Árabes e as mais recentes ações de rua na Turquia (contra a islamização forcada da sociedade) e no Brasil (contra a corrupção e os desmandos do Futebol). De facto, a via dos movimentos sociais parece tão esgotada quanto a dos partidos convencionais “de protesto”, os quais, em boa verdade, se apossaram de grande parte dos primeiros…

O bloqueio atual de Participação dos cidadãos na política e esta bonomia bovina da Sociedade Civil parece poder ser apenas quebrada na Rua, por protestos em larga escala e prolongados como os das “Primaveras” ou através da constituição de plataformas eleitorais de um novo tipo. Plataformas que congreguem cidadãos ativos que se sentem a fazer “algo” no agora, algo de efetivo, que mude ou interfira na condução atual dos nossos destinos comuns. Plataformas que agreguem sem dissolverem, que unam, sem separar nem devorar identidades grupais ou individuais. Plataformas de cidadania que se possam apresentar a eleições e alterar a condução do jogo usando aspróprias regras definidas para ele pela Situação Partidocrata que nos rege.




Rui Martins (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

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