Recentemente António Barreto referiu em entrevista, o desinteresse dos portugueses pela política. Considerou a desconfiança generalizada nos partidos políticos bem como a desvalorização do trabalho destes. Disse que estes funcionam como “tribos” tal como os clubes de futebol. Analisando a situação atual não hesitaremos em considerar a justeza destas considerações. Senão vejamos: a definição mais generalista de tribo surge como: agrupamentos das sociedades humanas que, vivendo de forma comunitária, partilham entre si pensamento analógico, hábitos comuns, rituais próprios, códigos de conduta que os diferenciam dos demais. Segundo Maffesoli (1985), as tribos tem semelhanças e complementam-se, num procedimento de homocentricidade e da exclusão do que é diferente. Tem como característica a nitidez de orientação, homogeneidade, relações face a face… entre outros. Mas se a tribo revela coesão interna que potencializa as suas ações, o que pode considerar-se uma virtualidade devido ao peso excessivo da globalização, já no que concerne ao exterior, aos outros grupos e à sociedade em geral, as tribos conduzem ao controlo social, ao conflito, ao confronto. Falhando no valor indiscutível da dissonância, arregimentam, controlam, limitam. Mais grave: geram a intolerância, a uniformização, o conflito e tantas vezes a violência. No conflito, o primeiro impulso dos oponentes é o de procurar destruir o adversário. Neste caso, a sua ação é inoperante, de rutura, de discricionariedade e, tantas vezes, de guerra. Procuram neutralizar/aniquilar, deste modo, a participação dos demais. O que acontece, na atual conjuntura, em que os movimentos sociais independentes pretendem exercer a cidadania, são bem a prova de que as tribos exercem o poder de controlo social e pretensamente de aniquilação da diferença. Impedem o progresso. As tribos são afinal isso.
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