quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

[Opinião +D] Na igreja fez se uma revolução em segredo

Bento XVI resignou. Já todos o sabem. Foi o primeiro Papa a fazê-lo por vontade própria, depois de 700 anos. A sua inesperada resignação, ainda que pré anunciada numa entrevista de 2010 a Peter Seewald, "A luz do Mundo", onde afirmou "admitir a hipótese de resignação, se não se sentisse em condições físicas, psicológicas e espirituais para continuar a assumir o seu pontificado" veio subitamente dar ao papado e à Igreja, um novo significado. Foi um acto único na Igreja disse o Bispo das Forças Armadas, ou "A Igreja está a viver um momento único mas que revela grande lucidez, por parte de Joseph Ratzinguer", diz o cardeal Patriarca de Lisboa. Todos os bispos portugueses mostraram a sua admiração pelo acto, todos referiram a sua surpresa, e todos mostraram assim a impreparação para encarar tal facto. Mas a verdade é que no silêncio dos claustros do Vaticano, um Papa que era um intelectual, de repente, tornou a Igreja mais humana e o próprio Papa mais Homem ao dizer que "não aguentava já!".

Recorde se que o seu antecessor João Paulo II, quando pensou em fazê-lo, foi objecto de tal pressão, que não conseguiu  levar por diante o que queria, e depois,fomos assistindo ao espectáculo triste da degradação física do Pontífice, em público e até à sua morte.

Bento XVI teve de enfrentar algumas questões muito complicadas durante o seu pontificado. E enfrentou-as com coragem, embora nem sempre com o sucesso que seria de esperar: a questão da pedofília do seio da Igreja, o Vaticanoleaks, fugas de informação internas que levaram à prisão do seu mordomo,e enfim, os escândalos com a lavagem de dinheiro, que provocou a demissão do Presidente do Banco das Obras Pias, o Banco do Vaticano.

Agora já só se fala no post Papam. Os cardeais sem tempo para travarem as habituais conversas de corredor, e de salão, pré consistório, surpreendidos pela súbita medida inovatória deste seu líder, vão reunir-se já em Março, para eleger o novo pontífice da Igreja Católica Romana, soberano do trono mais absoluto da Humanidade, reinando sobre mais de mil milhões de almas espalhadas por todo o mundo, e tendo de enfrentar todos os desafios da modernidade, que o Concilio Vaticano II tentou abordar, e em muitas páginas ficou esquecido: no plano da igualdade dos sexos, do sacerdócio, e dos novos costumes-sexualidades, com que se defronta a sociedade. Por isso, o nosso cardeal D. Policarpo diz que a Igreja precisa de um Papa mais jovem, enquanto o bispo de Fátima refere que tem de saber sair da Europa. Já há papas pré apontados, um canadiano, outro italiano e outro negro da Nigéria, mas será bom recordar que quem entra Papa para o consistório, sai dele cardeal.

António Serzedelo (membro da Coordenação Nacional do +D)


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