domingo, 24 de fevereiro de 2013

[Opinião +D] Uma mulher imolou-se numa instituição de crédito

Uma mulher imolou-se numa instituição de crédito, por esta lhe negar os seus serviços. Três pessoas, duas delas casal, suicidaram-se por não conseguirem cumprir as suas obrigações financeiras relativas à habitação. Nas notas de suicídio deixaram os motivos do acto de desespero. Aconteceu em Espanha.

E por cá? Não há notícias oficiais. Apenas nos chegam pelos conhecidos dos suicidas! Oficialmente, não contam.

O Estado “defende-nos” da calamidade contaminante, com este boicote noticioso. Deixa-nos morrer em silêncio, isolados, ignorados, abandonados ao infortúnio deste Estado. Quase sempre a morte social é a morte do indivíduo. Corte-se-lhe a utilidade social e familiar através do desemprego, corte-se a habitação através do sufoco financeiro, corte-se a voz através da ignorância nas notícias e das manifestações e o que resta do indivíduo? Quem somos depois de o Estado nos tirar o pão, a habitação e a voz? Que sobra para a nossa dignidade? Se crescemos e fomos educados a construir uma sociedade com base no Estado, não conseguimos de uma semana para a outra construir as nossas bases vitais as que fazem de nós seres humanos. Sim, continuaremos humanos mesmo a cultivar couves, a viver em roulottes, a ler os livros dos avós, mas poucos não se sentirão gravemente diminuídos na sua dignidade se forem abandonados a si próprios.

Sentimo-nos órfãos, desamparados e incapazes de subsistir pelos próprios meios. Facto é que este sentimento de abandono é tão comum a tantos de nós que até esmaga o sentimento individual. E apesar de abandonados pelo Estado, ainda temos de lhe dar tudo, mais que tudo, até a nossa colaboração como seus fiscais, o que nos esmaga num confronto consciente da inutilidade, ou mesmo da perversa existência do Estado. Este continua alheio ao indivíduo e às suas necessidades vitais. O mesmo é dizer que está moribundo. Deveria ir para Espanha, para dele termos a notícia que já tantos constatámos!\\





Maria Leonor Vieira (Membro da Coordenação Nacional +D)

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