O presente título é recuperado de um texto de
opinião publicado no Expresso On-line no seguimento de uma notícia da
concretização de uma ação de despejo ocorrida no Porto, por impulso da
própria autarquia e que pôs na rua uma septuagenária e o filho que
viviam há 40 anos, numa casa de um bairro social, sem atrasos no
pagamento das rendas.
Este despejo
aconteceu, de acordo com o próprio comunicado da Câmara do Porto
porque a locatária diversas vezes foi notificada e, ainda assim, nunca
mostrou a "declaração de IRS, recibos de vencimento e prova efetiva de
ocupação do fogo, bem como a inexistência de uma segunda habitação".
Só
se consegue perceber que este caso de profunda e gritante
insensibilidade, aconteça no seio de uma entidade com meios que permitem
monitorizar os grupos de risco e mais frágeis economicamente, elegíveis
para ocupação de alojamentos em bairros sociais, se admitirmos não ser
necessário ir aos locais e falar com os interessados entendendo os seus
problemas e as suas fragilidades.
O
que é que estamos à espera para interagir com o próximo e estabelecer
um património mínimo de confiança que possa levar à entreajuda?
Cartas,
notificações, emails são meios de comunicação primordiais, mas não
podemos escamotear , do nosso dia a dia, o contacto presencial e a sua
autenticidade .
O poder local é
próximo, mas está tão refém de objetivos economicistas que por vezes
esquece o valor da sua proximidade. Há um custo claro na ausência dessa
proximidade que é urgente contabilizar para que possamos entender quanto
o próprio PIB ficaria a ganhar com o simples facto de falarmos com as
pessoas.
Sem comentários:
Enviar um comentário