sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

[Opinião +D] Falar com as pessoas


O presente título é recuperado de um texto de opinião publicado no Expresso On-line no seguimento de uma notícia da concretização de uma ação de despejo ocorrida no Porto, por impulso da própria autarquia e que pôs na rua uma septuagenária e o filho que viviam há 40 anos, numa casa de um bairro social, sem atrasos no pagamento das rendas.

Este despejo aconteceu, de acordo com o próprio comunicado da Câmara do Porto porque  a locatária diversas vezes foi notificada e, ainda assim,  nunca mostrou a "declaração de IRS, recibos de vencimento e prova efetiva de ocupação do fogo, bem como a inexistência de uma segunda habitação".

Só se consegue perceber que este caso de profunda e gritante insensibilidade, aconteça no seio de uma entidade com meios que permitem monitorizar os grupos de risco e mais frágeis economicamente, elegíveis para ocupação de alojamentos em bairros sociais, se admitirmos não ser necessário ir aos locais e falar com os interessados entendendo os seus problemas e as suas fragilidades.

O que é que estamos à espera para interagir com o próximo e estabelecer um património mínimo de confiança que possa levar à entreajuda?

Cartas, notificações, emails são meios de comunicação primordiais, mas não podemos escamotear , do nosso dia a dia, o contacto presencial e a sua autenticidade .

O poder local é próximo, mas está tão refém de objetivos economicistas que por vezes esquece o valor da sua proximidade. Há um custo claro na ausência dessa proximidade que é urgente contabilizar para que possamos entender quanto o próprio PIB ficaria a ganhar com o simples facto de falarmos com as pessoas.






Carlos Seixas  (membro da Coordenação Nacional do +D)

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