sábado, 17 de maio de 2014

[Opinião +D] Saída da Troika

Hoje, dia 17 de Maio é o “dia dos Portugueses” segundo o nosso Primeiro Ministro Passos Coelho. E porque é que é o Dia dos Portugueses? Porque supostamente é o dia em que a Troika vai sair do país e já não precisamos de ajuda internacional. Para relembrar os mais distraídos, lembro-vos que a Troika foi chamada a Portugal no dia 6 de Abril de 2011, quando o governo socialista de José Sócrates ainda estava no poder.
Tudo isto aconteceu, porque a oposição chumbou o PEC IV do governo socialista, e o ministro das finanças que na altura era Teixeira dos Santos, disse que a partir daí não havia alternativa senão pedir ajuda ao exterior. A troika chegou com um plano de cortes e aumentos de impostos que os três grandes partidos ( PS; PSD; CDS/PP) assinaram e comprometeram-se a cumprir. Derivado a isto, ocorreram eleições legislativas em Portugal onde o PSD venceu mas sem maioria absoluta. Assim e para terem maioria absoluta na Assembleia da Republica, o PSD fez uma coligação com o CDS/PP para garantir estabilidade no governo.
Dizia-se que a Troika vinha para Portugal para nos ajudar, e teoricamente isso até podia ser bom, mas na prática teve consequências graves, como cortes nos ordenados, o que atingiu duramente a classe média portuguesa, aumentos de impostos o que deu origem à falência de pequenas e médias empresas e que mandou imensas pessoas para o desemprego. Temos um nível altíssimo de desempregados, e este problema passou a ser transversal a todas as faixas etárias e a atingir também os mais qualificados, que têm que emigrar para conseguir ter alguma vida decente.
Os números falam por si. Perto de 827 mil pessoas estão desempregadas, meio milhão das quais há mais de 12 meses, cerca de 140 mil jovens procuram trabalho e a população ativa reduziu significativamente.
Contas feitas, em três anos, a economia destruiu 332 mil postos de trabalho, atingindo com particular violência o sector da construção (que registou um recuo no emprego de quase 35%). A perda só não foi maior porque a partir do segundo trimestre de 2013, em resposta ao crescimento da economia, começaram a registar-se tímidos aumentos do emprego e um recuo na taxa de desemprego.
Em finais de 2007, antes do deflagrar da crise económica e financeira mundial, Portugal tinha uma taxa de emprego próxima dos 58%. No segundo trimestre de 2011, por altura do início do programa de ajustamento, já tinha caído para 54,2%. E agora, passados três anos, apenas 51,1% dos ativos têm emprego.
Os nossos governantes mostram-se muito entusiasmados com a saída limpa da Troika. Com os números apontados acima, será que temos razão para estarmos tão otimistas? Na minha opinião, ainda vamos sofrer as consequências deste estado de coisas durante algum tempo. Acredito que vamos superar esta situação e dar a volta por cima e voltar mais fortes, mas não com a rapidez que os nossos governantes querem mostrar. 
Carlos Assunção (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

Sem comentários:

Enviar um comentário