sexta-feira, 30 de maio de 2014

[Opinião +D] O PS

Esta questão da liderança do PS não importa apenas aos socialistas. Primeiro porque os partidos são forças de mediação entre os eleitores e as instituições democráticas e, nesse sentido, servem os cidadãos (e não o inverso). Segundo porque o PS congrega, desde há mais de 40 anos, muitas forças do centro-esquerda (que mesmo dessemelhantes e concorrentes entre si, se agrupam nessa plataforma eleitoral). E, mais a mais, porque depois de três anos de governo PSD/CDS/troika, só o PS tem condições para gerar uma alternativa ao austericídio e ao empobrecimento generalizado. O futuro do PS importa aos seus militantes, mas também a todos os eleitores do centro-esquerda e a todos os portugueses (mesmo que nunca tenham ou venham a votar nele). Não interessa apenas qual dos Antónios é o melhor e mais meritório para o lugar. Importa também que essa escolha seja participada por todos os portugueses que votam ou podem votar PS (e que serão, pelo menos, dois milhões, tendo em conta os que o fizeram no último domingo) e não apenas pelos militantes socialistas (serão uns 50 mil a votar em eleições internas?). À semelhança do que fazem os socialistas franceses e o centro-esquerda italiano, o PS deve ganhar força abrindo esta votação a todos os independentes que nela queiram participar, gerando uma onda de aglutinação e convergência de muita gente diferente, mas que quer estar envolvida num projecto político de reconstrução nacional. De que forma quer o PS ser uma força política inclusiva, que atraia muitos eleitores para a propagandeada "mudança"? Fechando a questão da liderança numa lógica interna de regulamentos e estatutos, ou aproveitando esta oportunidade – basta passar os olhos pelos jornais para perceber que a disputa Costa/Seguro mobiliza a atenção de muita gente – para chamar os portugueses à participação na sua vida interna? Os próximos dias serão esclarecedores para aferir até que ponto o PS é um partido gerido por uma casta dirigente ou por gente com capacidade de entender os sinais que resultaram das mesmas eleições do último domingo.
José Diogo Madeira (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

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