sábado, 1 de junho de 2013

[Opinião +D] A grande depressão

Eles deram à austeridade um mau nome. A palavra significa rigor no controlo dos gastos. Os dois primeiros anos da troika em Portugal serviram para aumentar impostos, o que nada tem que ver com austeridade. Só agora, o governo colocou na mesa aquilo por onde devia ter começado – a reforma administração pública. Foram dois anos perdidos e que deixaram a economia portuguesa muito pior do que estava: mais défice, mais dívida, mais desemprego, mais emigração. O plano era mau, diz agora o ministro Gaspar. Não explica porque não tratou então de o emendar, em vez de ficar a ver o navio afundar a pique. Austeridade na gestão pública não significa necessariamente cortar nas funções sociais do Estado. Significa saber fazer o mesmo, com menos dinheiro. E isso é possível reduzindo custos, eliminando desperdício, fazendo reengenharia dos processos, transferindo recursos humanos, coisas que se fazem cirurgicamente e exigem competências de gestão. Claro que é muito mais simples e imediato reduzir o défice orçamental subindo o IVA, o IRS e o IRC, mas depois mata-se a economia e as pessoas. Para reformatar este Estado obsoleto, partidarizado e vampirizado por inúmeros interesses económicos é preciso uma vontade férrea e uma equipa de gestores que, no terreno, eliminem as redundâncias e as sanguessugas que o sangram. Sem competências profissionais e políticas para o efeito, a equipa de Passos Coelho desbaratou o seu capital político e é agora um governo falhado, que assinou a destruição económica do nosso país. A “grande depressão” portuguesa – como lhe chamou Paul Krugman – ficará na história contemporânea do rectângulo com a rubrica de PPC. Venha o próximo.



 
 
 
 
José Diogo Madeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
Este comentário é da exclusiva responsabilidade do seu autor.

Sem comentários:

Enviar um comentário