domingo, 30 de junho de 2013

[Opinião +D] Lamentavelmente o sexo ainda importa

No decorrer da recolha de assinaturas para a Assembleia Municipal alguém comentou que questionada sobre se queria assinar, uma Srª terá respondido: “…que daquelas coisas não entendia nada e que teria de perguntar ao marido”. Ainda assim é, no séc. XXI. Poucos dias depois, quando eu própria recolhia assinaturas informei um Sr. do que se tratava e, prontamente, ele me disse que a sua esposa assinaria também e ela assim fez, sem mesmo ter ouvido do que se tratava.

Isto fez-me voltar a reflectir, de novo, que de facto nós mulheres nos eclipsamos da política. Deixamos isso para os homens. A que se deve esta demissão? A tantas coisas. Todos o sabemos. Contudo, se isso se deve, em muito, à atitude dos homens, deve-se também à atitude das mulheres. Porque o afirmo de uma forma tão convicta? Porque assim é, de facto. Basta olhar para as bancadas e para os gabinetes da Assembleia da República e para os cargos políticos de maior relevo do país.

Se analisarmos os números da presença feminina nos partidos, nos sindicatos, nas associações e novos movimentos partidários a realidade é a mesma. Eu sei que quando uma mulher aparece a querer “fazer política” é olhada com desconfiança e isto ainda é pior se for casada, se for nova e com filhos. Porque estamos a fazer algo que não é suposto. Somos olhadas com desconfiança quer pelas outras mulheres, quer pelos homens. Ambos ficam a pensar, afinal o que andamos nós ali a fazer. Perante isto, a maioria desiste. As que não desistem acabam quase sempre por vir a ser conhecidas. Bem hajam!

Como se resolve a questão? Com quotas? Não me parece. O que se queria era uma participação activa, positiva, rica e coerente. O que se queria era que a actuação política feminina fosse reconhecida pelo seu real valor. Não me agrada que os lugares sejam alcançados e ocupados porque é preciso “fazer o número obrigatório”.

Historicamente as mulheres começaram a sair de casa e começaram a dedicar-se a trabalhos e empregos mais diversificados porque era preciso dar resposta à falta de mão-de-obra masculina. Foi, sobretudo, com a Segunda Guerra Mundial que as mulheres começaram a “provar” que tinham tantas capacidades quantas as dos homens. Foi a necessidade que a isso levou e elas aproveitaram.

Actualmente vive-se outra crise. Era bom que a soubéssemos aproveitar e que não ficássemos à espera que os 
homens resolvessem tudo por nós, mais uma vez. Na realidade, falta o contributo feminino em muitos sectores mas na vida política isso é ainda mais urgente. Não fiquemos à espera. A presença feminina é uma luta nossa, das mulheres. Se nós não fizermos por merecer, ninguém o fará por nós.








Margarida Ladeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
Este comentário é da exclusiva responsabilidade da sua autora

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