quarta-feira, 12 de junho de 2013

[Opinião +D] Quebrar o MEDO e MUDAR!

No discurso de Ramalho Eanes em 10 de Junho de 1979, a que Marta Reis faz referência no Jornal i, sobre “Portugal, Camões e as Comunidades” são apontadas as mudanças, para melhor, que se verificavam em Portugal, que antes era um País periférico, pouco reconhecido, dependente dos auxílios externos, deprimido e sem esperança. Alertava, no seu discurso, para a necessidade de transparência e a recusa de atos de corrupção como sendo estes o principal fator para o descrédito do País, mal-estar social, desvirtuamento da democracia e obstáculo ao Progresso.

Volvidas quase quatro décadas, de se ter instaurado a democracia, a que é que se assiste, hoje? Um Pais altamente endividado, ainda mais deprimido, dependente do exterior, com a soberania comprometida e onde nem sempre é bom viver. Para os problemas que hoje se colocam, tanto locais como globais, não se vislumbram, de imediato, saídas. Portugal, Incapaz de resistir ao impacto das conjunturas externas, cada vez mais espoliado do seu capital humano que procura, noutras paragens, o que não conseguiu que lhe fosse garantido na sua TERRA, exige que rapidamente que nos mobilizemos em prole de uma cidadania participativa. Que vislumbremos novos horizontes! Que caminhemos no FUTURO, ancorados num passado de conquistas derrotas e vitórias, mas glorioso. A necessidade de ultrapassar fronteiras levou a que “ dessemos novos mundos ao mundo”. Se recuarmos cinco séculos verificamos que, na origem da gesta seiscentista, fatores económicos lhe estiveram subjacentes mas, em simultâneo, a galhardia das decisões e outros valores não tangíveis se foram afirmando, mundo fora, como marca de Portugalidade. Em que somos diferentes, hoje? Abrimos para o mundo mas ficamos fechados em nós, (talvez demais). Assustam-nos os “Velhos do Restelo” e tolhe-nos o medo de passar o “Cabo Bojador”. Esperamos, ainda, D. Sebastião. Duvidamos que o poder de mudar reside em cada um de nós. É o que Hofstede (1994) considera ser “a distância ao poder” que leva a uma situação de cabeça pendida entre os ombros, tal como é representado por Rafael Bordalo Pinheiro, na sua criação da figura do Zé Povinho. Permitimos assim ser manipulados pelos que decidem sem exigir o direito de ser parte. Cedemos facilmente ante as forças externas que nos maniatam, tolhem e bloqueiam. Por isso, ainda que em situação de descontentamento, asfixia social e sofrimento, como a atual, alguns prognosticam a continuação na continuidade. Dizem eles que as autárquicas não serão uma hecatombe dos que têm sido a razão do descontentamento e do sufoco em que vivemos. Não sei se é uma questão de ADN, este sentimento de quietude e conformismo, de “brandos costumes”, Tal não será, pois, este POVO ESFORÇADO E CAPAZ de OUSAR, se afirmou no mundo como arauto do conhecimento científico e com desempenhos de qualidade assinalável, em todos os domínios. Contudo, novas dinâmicas sociais vão também tomando lugar. As questões da cidadania surgem como imperativo da afirmação dos que acreditam que as mudanças têm que partir de si e que o poder exige participação efetiva, para a construção de um espaço potencializador de ação, de mudança. É preciso, vencer o comodismo, quebrar o MEDO, Afirmar as convicções. Como no passado, apostar no FUTURO a construir. O que é, afinal, preciso MUDAR?







Conceição Couvaneiro (Conselho Geral do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

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