sexta-feira, 14 de junho de 2013

[Opinião +D] Profecia

Parece que há um aforismo grego clássico que diz que «os deuses enlouquecem aqueles que querem perder». Isto não vem a propósito da gaffe meteorológica de Vitor Gaspar, nem das gargalhadas generosas do seu colega Álvaro Santos Pereira sobre o tema. É sobre a radicalização do governo, que congelou o pagamento do subsídio de férias aos funcionários públicos e manteve intransigentemente o exame de português do 12º ano para o dia 17 de junho. Este tipo de governação quero, posso e mando mostra que o primeiro-ministro está interessado em fazer subir o stress social. Como se os portugueses não estivessem cansados da austeridade, dos sucessivos aumentos fiscais impostos pelo governo/troika e do desemprego galopante, o executivo parece apostado em aumentar ainda mais os actuais níveis de tensão. Quando seria prudente ser flexível nesses temas, para reduzir a conflitualidade política e social, enfrentar a greve geral CGTP/UGT de 27 de junho e as eleições autárquicas de setembro, o governo faz no sentido inverso. O que pretenderá Pedro Passos Coelho com esta estratégia? Mobilizar os funcionários públicos para a greve geral? Provocar uma derrota assinalável ao seu partido nas autárquicas de Setembro? E com isso, ganhar motivos para apresentar a sua consequente demissão? E se é assim, quererá isto dizer que o primeiro-ministro percebeu que a economia portuguesa se tornou francamente irrecuperável nos próximos anos e prefere atirar agora a sua toalha ao chão? O clube de Bilderberg é um bom barómetro das evoluções políticas de cada país aí representado. E os convidados portugueses da última reunião desta benemérita organização, na passada semana em Londres, foram António José Seguro e Paulo Portas. Não deve ter sido por acaso.



 
 
 
 
José Diogo Madeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
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