quarta-feira, 5 de junho de 2013

[Opinião +D] O protesto

Vivemos momentos de crescente incerteza. As movimentações sociais de protesto, relativas ao atual estado da (des) governação, assinalam o mal-estar de uma sociedade em sofrimento. As ameaças pairam no ar e a espada de Demóstenes afila-se sobre a cabeça de tantas pessoas: dos professores com o aumento dos horários de trabalho e o sistema de mobilidade; dos funcionários públicos que sentem os seus postos de trabalho em perigo; dos reformados que, de forma inclemente, veem o seu já curto futuro, comprometido; do cada vez maior número de desempregados, cuja situação insustentável não se almeja fim… Aparentemente, de sinal contrário, assiste-se aos festejos do términus da licenciatura de largos milhares de jovens, que apesar das praxes normais académicas veem goradas as esperanças de futuro. Prenhes de sonho e ante os votos que lhe são formulados de que trabalhem e mudem o mundo, acontece, tal como refere Lucy Kellaway, colonista do Financial Times, que em vez de poderem dizer “olá mundo cheguei” têm antes que dizer “olá pai e mãe, estou de volta”. Claro que os pais e família acrescentam mais este, aos seus múltiplos problemas. Os financeiros, esses, anunciam que “executivos das tecnologias podem estar a criar a próxima grande bolha da internet” com a vaga de milionários que estão a surgir, por esta via (Diário Economico, 31/05/13). É assim substituída a anterior bolha imobiliária, que originou a atual crise, por esta que agora se segue. Tal como afirma Chomky, 2012, “Vivemos num casino da alta finança e não numa economia protegida e quem não é rico e poderoso, os tais 99%, sai obviamente lesado”. Que nos resta senão, ao menos, protestar?





Conceição Couvaneiro (Conselho Geral do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

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