quinta-feira, 4 de abril de 2013

[Opinião +D] Para onde correm os dois?


Sabe-se o que um diz do outro, e sabe-se o que querem, mas não dizem.
Um diz que não está nas suas intenções. O outro diz que é uma intenção escondida do outro, mas talvez diga isso, porque não quer que se descubra a sua.

Nas estações públicas de tv, vão correr um contra o outro. Ao Domingo, espreitam-se, criticam-se. Um é cuidadoso, mas perdeu umas eleições cruciais em Lisboa, o outro destemido venceu alegremente duas, ambos em partidos diferentes, um é metade do outro, completam-se.
Um quando fala mete muito medo, atacam-no como um diabo, mesmo antes de ter falado, ou quando se anuncia que vai falar, querem-no proscrito, calado, proibido, até lhe chamam mentiroso.
O outro é venerado. Parece só dizer verdades, embora embrulhe mentiras nos pacotes que ministra ao seu público -eleitorado, nas suas intervenções televisivas, dominicais.
Ambos têm ódios e amores de estimação, e os dois sabem manejar o florete para matar os inimigos, com palavras sibílinas, bem pensadas.
Um vem ajustar contas com o passado. O outro ajustá-las com o futuro. Pode ser cedo para ambos, por suceder virem a ser ultrapassados pelos acontecimentos do futuro, que corre acelerado, e não podem prever.

Enfim, podiam chamar-se ambos ,Sebastião, mas não são esses os seus nomes de baptismo.
Porém, os dois sabem, que desde o começo desta crise, grande parte dos portugueses, sem esperança, desiludidos, anda à espera de quem os leve deste nevoeiro tão sombrio, e tão pesado, de um D. Sebastião, como o das trovas de Bandarra, que será idolatrado como um Meirinho, em que o campo é Portugal.
Acham esses que precisamos disso, e que o mundo só pode girar  ou parar, à volta de tais personalidades.
Porém o que precisamos é de mais cidadania, mais consciência política, mais democracia, mais participação activa de todos nós neste processo lento, mas novo, de mudanças, em que estamos mergulhados, pois estamos em fim de época, com outra a começar, embora não saibamos bem ainda, nem onde vamos parar.
Seria desejável entretanto, que pelo caminho pudessem vir a surgir outras gentes diferentes, que saiam fora destes esquemas, destas lógicas mediáticas, partidárias, clubistas e fechadas sobre si mesmas, para responder às situações e desafios novos, que teremos de enfrentar, com decisão, das quais os tradicionais comentaristas e políticos televisivos, ou não falam, ou fogem delas.

Nessa altura da viragem, nem um preclaro professor, nem um inteligente engenheiro, poderão já ser escutados.
Se ao menos, as suas narrativas mudassem, para outras muito diferentes, que, essas sim, todos precisamos, e desejamos ouvir...

Aqui para nós, creio, que cada um deles pensa ir na direcção certa, e poder-nos levar com ele.







António Serzedelo (membro da Coordenação Nacional do +D)



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