terça-feira, 23 de abril de 2013

[Opinião +D] Do espírito religioso na política


De vez em quando emerge, parecendo dar razão a todos os antropólogos que, historicamente, têm defendido que a humanidade tem uma estrutura mental propícia à crença religiosa. Podemos também analisar o fenómeno num ponto de vista mais sociológico e considerar que todas as sociedades, por mais laicas que sejam, precisam de “sacralizar” algumas das suas instituições…

No nosso mundo pós-moderno, são depois os “media” que realizam ou desfazem esses fenómenos de “sacralização”. Como, por exemplo, foi bem evidente na cobertura da eleição do novo Papa – como se, com efeito, tivesse mesmo sido o “espírito santo” a elegê-lo.

Também a mais recente decisão do Tribunal Constitucional foi vista, por alguns, dessa forma. Desse ponto de vista, mais formal, o Governo tem razão – todas as decisões do Tribunal Constitucional podem e devem discutir-se. Tal como as eleições papais, também as decisões do Tribunal Constitucional são tomadas por maioria, (quase) nunca por unanimidade. E mesmo que o fossem – também assim poderiam e deveriam ser discutidas por todos nós.

Não iremos fazê-lo agora. Queremos apenas chamar a atenção para dois “dogmas religiosos” que persistem na nossa discussão política: o de que “os partidos são essenciais para a Democracia” e o de que “Portugal não tem futuro fora da zona euro”. Não vamos também agora discutir nenhuma destas duas teses. Queremos apenas salientar que são, tão-só, isso: teses. Não dogmas religiosos que, quais “mantras”, tenhamos que repetir acriticamente. Na discussão política democrática não devem existir “tabus”.






Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)


Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

Sem comentários:

Enviar um comentário