segunda-feira, 29 de abril de 2013

[Opinião +D] Ameaças, dúvidas e esperanças

Festejámos, há uma semana, em tom de afirmação e de luta, o 25 de Abril. O seu peso simbólico, não pode ser ignorado, enquanto marco histórico e de mudança social. Em 74 calaram-se os medos, soltou-se a voz, caíram as mordaças, viveu-se a liberdade! Não obstante as dificuldades inerentes a qualquer processo de transição, viveu-se a festa. Instaurou-se a democracia. Só quem não viveu as agruras de um regime despótico e cerceador dos direitos e liberdades poderá ignorar o significado de tal data. Ante convulsões, ameaças e dúvidas e passadas quase quatro décadas, continua a soar, por todo o lado, mais e… mais alto, que: “o povo é quem mais ordena…”. Mas, contradição: o dealbar de Abril, que continua a ser vivido por muitos, com júbilo, parece transfigurar-se, agora, em processos aniquiladores, comandados pela Oligarquia Balcã que, de forma sobranceira, determina o nosso viver, o nosso destino. Estado social em crise, ameaça de novos cortes nos salários e pensões, despedimentos e baixas de salários, enfim, o regredir da esperança são, despudoradamente, anunciados. Justificam, tais medidas, de forma revanchista e cínica, dizendo que: “não são cortes nem mais austeridade…!” e que a culpa é do Tribunal Constitucional. Traídas as promessas que Abril trouxe vivemos, de novo, sem poder ter voz naquilo que nos diz respeito, nos nossos direitos. Apesar dos reveses, de uma democracia que pouco mais representa que o interesse de alguns (poucos) assiste-se, ao mesmo tempo, a um novo acordar, do povo (todos nós). A uma crescente consciência da necessidade de exercer a cidadania. De utilizar todos os mecanismos de participação e de tomada de decisão. De não ser apenas um Ser passivo, “sujeito de direitos” mas antes Alguém ativo e implicado. O compromisso assumido de quebrar a prepotência e combater as formas de injustiça e de corrupção que originam este estado de coisas. Urge reforçar a democracia, não apenas na sua forma representativa mas, sobretudo, PARTICIPATIVA. Os orçamentos participativos (OPs), de que se fala cada vez mais, apresentam-se como um sinal de esperança pois criam dinâmicas de participação e decisão. Encontram-se hoje no Pais, em 46 Concelhos. São-no também os “júris de cidadãos” e os workshops em que os moradores decidem onde “colocar o jardim ou a paragem do autocarro”. (Público, 28/ 04/2013, p.,4). Mas… precisamos de atuar. Ninguém o fará por nós. Se todos fizermos o que nos compete, isto vai!






Conceição Couvaneiro (Conselho Geral do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

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