quinta-feira, 25 de abril de 2013

[Opinião +D] 26 de Abril

Depois da longa noite do 24 de Abril, um frémito no 25 de Abril e agora a ressaca do dia seguinte. A liberdade – do pensamento, da palavra e da acção – está conquistada. Mas nestas quatro décadas, o país dividiu-se entre uma clique privilegiada e uma onda de remediados, onde encaixam os jovens sem oportunidades profissionais e de realização pessoal. Não há futuro por cá e quem o procura, emigra. Um país sem pessoas e sem esperança, definha e morre. O poder económico continua hiperconcentrado em meia dúzia de grupos empresariais e financeiros. Estes grupos condicionam o poder político, através de uma teia de interesses cruzados com os partidos do arco do poder. Ao mesmo tempo, os partidos da oposição parlamentar (PC e Bloco) recusam qualquer entendimento com o PS, de tal forma que o resultado final é espúrio para a democracia portuguesa. PS, PSD e CDS estão dominados por agentes empresariais, PC e BE apostam apenas no registo da contestação. Cabe aos portugueses desatarem este nó górdio, devolvendo o poder político aos cidadãos, os seus únicos legítimos detentores. A democracia representativa, aquela que herdámos do 25 de Abril, cristalizou e já não serve. Precisamos de uma evolução para um modelo em que os cidadãos possam participar directamente no exercício do poder, encostando os partidos políticos ao lado. Simplificação da estrutura administrativa do Estado, eleições uninominais para a Assembleia da República, maior responsabilização dos eleitos perante os eleitores, divulgação online e em tempo real de todas as decisões e gastos do poder central e dos órgãos locais. Há um longo caderno de encargos com iniciativas importantes para renovação do país, mas todas elas continuarão fechadas nas gavetas dos partidos políticos, enquanto os cidadãos não se organizarem para as imporem. Até lá, ficaremos presos no momento histórico do 25 de Abril. E já lá vão 40 anos...


José Diogo Madeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
Este comentário é da exclusiva responsabilidade do seu autor.

Sem comentários:

Enviar um comentário