quarta-feira, 27 de março de 2013

[Opinião +D] Telecracia


José Sócrates foi à RTP justificar a sua governação, numa entrevista que antagonizou espectadores.
Óptimo: perguntas, respostas e esclarecimentos adicionais fazem parte da vida democrática. É louvável que os protagonistas tenham de explicar e que o povo queira entender melhor. Todas as entrevistas são legítimas e saudáveis, enquanto elementos da discussão pública. Mas quando o mesmo José Sócrates quer comentar a vida social, económica e política do país, deve dirigir-se directamente à Assembleia da República. Foi eleito deputado nas últimas eleições legislativas, então que ocupe o seu lugar na bancada do PS e intervenha a partir daí. A política é para fazer nos seus órgãos institucionais próprios e não nas
televisões, em charlas semanais sem contraditório. E os comentadores não podem ser políticos, ex-
políticos ou putativos potenciais políticos. Ninguém comenta imparcialmente naquilo que é causa própria. Nem o comentário é sério, nem o comentarista fica bem no retrato. Querem comentaristas? Há muitos jornalistas talentosos para fazer esse papel. E não me lembro de ver jornalistas a enveredar pela carreira política, excepção ao talentoso Portas, que trocou o Indy pelo CDS. Mas se querem ser políticos, vão para os partidos, candidatem-se aos órgãos de poder e façam as suas “carreiras” dentro da coisa. Quando a RTP, que é um canal público, ajuda à confusão – promovendo um potencial candidato à presidência da República para uma aparição semanal – está a prestar um péssimo serviço ao País. Não só ajuda à promiscuidade entre o que é da política e o que é do comentarismo político, como não está a ser fair com todos os outros potenciais candidatos presidenciais – que não beneficiam do mesmo tempo de antena.






José  Diogo Madeira (Membro da Coordenação Nacional +D)

Sem comentários:

Enviar um comentário