Os efeitos da crise dos mercados financeiros de 2007/8
continuam a fazer-se sentir na Europa, e as políticas europeias continuam a
privilegiar a austeridade e a resvalar para a destruição das políticas sociais,
do emprego e, como senão bastasse, da mitigação da confiança politica nos
dirigentes nacionais e europeus.
A solução encontrada para Chipre, país de um milhão de
habitantes, em taxar durante o fim de semana em curso os depósitos bancários,
em 6,75% e 10%, consoante sejam inferiores ou superiores a 100.000€, uma
operação que deverá render cerca de 6 mil milhões de euros, desencadeou uma natural
revolta das pessoas que reagiram correndo maciçamente às caixas multibanco.
A partir daqui, que podem os cipriotas esperar do seu
governo? Que novas medidas de austeridade serão adotadas? E que confiança pode
restar sobre quem acede ao governo para atraiçoar os seus próprios eleitores,
na primeira oportunidade?
Era sabido que a construção da moeda única tinha não tinha
atendido às diferentes capacidades competitivas dos países envolvidos, e que os
instrumentos de governação do Euro eram demasiado frágeis, quando comparados
por exemplo com os do dólar norte-americano.
Apesar de o orçamento da União Europeia ser apenas de um
terço do valor do seu equivalente dos Estados Unidos da América, e já se ter revelado
insuficiente para inverter a rota de recessão da economia que grassa em todo o
espaço europeu, assistimos à tentativa de redução, pela primeira vez, do quadro
orçamental europeu para 2014-20.
Ontem os gregos, portugueses, irlandeses, mais recentemente
os espanhóis e italianos. Agora os cipriotas e, amanhã, outras vítimas se
seguirão. Assim se vai destruindo a esperança numa Europa Unida, num espaço de
paz prolongada e de oportunidades para as novas gerações.
Fernando Lucas (membro da Coordenação Nacional do +D)
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