domingo, 17 de março de 2013

[Opinião +D] A Europa e as políticas traidoras: Cipriotas – as últimas vítimas


Os efeitos da crise dos mercados financeiros de 2007/8 continuam a fazer-se sentir na Europa, e as políticas europeias continuam a privilegiar a austeridade e a resvalar para a destruição das políticas sociais, do emprego e, como senão bastasse, da mitigação da confiança politica nos dirigentes nacionais e europeus.

A solução encontrada para Chipre, país de um milhão de habitantes, em taxar durante o fim de semana em curso os depósitos bancários, em 6,75% e 10%, consoante sejam inferiores ou superiores a 100.000€, uma operação que deverá render cerca de 6 mil milhões de euros, desencadeou uma natural revolta das pessoas que reagiram correndo maciçamente às caixas multibanco.

A partir daqui, que podem os cipriotas esperar do seu governo? Que novas medidas de austeridade serão adotadas? E que confiança pode restar sobre quem acede ao governo para atraiçoar os seus próprios eleitores, na primeira oportunidade?

Era sabido que a construção da moeda única tinha não tinha atendido às diferentes capacidades competitivas dos países envolvidos, e que os instrumentos de governação do Euro eram demasiado frágeis, quando comparados por exemplo com os do dólar norte-americano.

Apesar de o orçamento da União Europeia ser apenas de um terço do valor do seu equivalente dos Estados Unidos da América, e já se ter revelado insuficiente para inverter a rota de recessão da economia que grassa em todo o espaço europeu, assistimos à tentativa de redução, pela primeira vez, do quadro orçamental europeu para 2014-20.

Ontem os gregos, portugueses, irlandeses, mais recentemente os espanhóis e italianos. Agora os cipriotas e, amanhã, outras vítimas se seguirão. Assim se vai destruindo a esperança numa Europa Unida, num espaço de paz prolongada e de oportunidades para as novas gerações.

 

Fernando Lucas (membro da Coordenação Nacional do +D)


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