terça-feira, 19 de março de 2013

[Opinião +D] Para onde caminhamos?


Constatamos que, se não mudarmos de rumo, pouco mais nos resta senão abandonarmo-nos à decisão daqueles, Troika ou outros, que decidem sobre os nossos destinos. Dos que nos desventram, impiedosamente, do que nos faz falta, dos nossos mais básicos direitos. Que o digam os aposentados ou os funcionários públicos. É que os que decidem chegam, pela calada da noite, e suspendem o que havia sido contratualizado. Usurpam o que se tinha como direito. Se não se der um volte face, breve nos encontraremos numa irremediável situação. Nada nos pode garantir que, de um momento para o outro, nos não levem as vestes, nos coloquem em barcos (outrora de negreiros), para destinos incertos - ou por
demais anunciados -, com a perda de direitos, da autonomia e espoliando-nos do pouco que, com esforço, angariámos. É o que pode chamar-se a escravatura dos tempos modernos. A escravatura ao Capital.

O jornal “Cyprus Mail” anuncia o clima de revolta vivido no Chipre pelo confisco das contas dos pequenos aforradores. Pela proposta de retenção, compulsória, do imposto extraordinário decretado sobre os seus depósitos, 6,75% para depósitos abaixo de 100 mil Euros e de 9, 9% acima desse valor. Propõe esta
repressão financeira, o Eurogrupo, o Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, na comandita da desventura das economias frágeis. O desespero dará lugar a um avolumar de ondas de choque e de convulsões sociais, muito graves, que a ninguém deixam seguro. Por este andar facilmente se pode prever que tais medidas não tardarão a estender-se, por contágio, a outros espaços. Afinal, que credibilidade podem merecer as Instituições que surgiram como defensoras de princípios e de valores quando, sem pejo, interferem, nas pequenas poupanças individuais, nos legítimos direitos de cada um?

Alguns sinais de mudança surgem, apesar de tudo. A perspetiva de um Papado diferente pode trazer esquissos da esperança de que mudar é possível. Tal exige uma nova tomada de consciência. O direito e o dever de exercer a cidadania. A força de, pelas urnas, se inaugurar uma era diferente. Os movimentos
independentes e a força de neles acreditar podem trazer uma nova alvorada. Que a demografia eleitoral marque presença e trace novos rumos . Que cada um faça CAMINHO.






Conceição Couvaneiro (Conselho Geral do +D)

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