quinta-feira, 23 de maio de 2013

[Opinião +D] Over it

Declaração de interesses – eu também tive um negócio de estapagem de tshirts, quando era miúdo. Não ganhei dinheiro nenhum com isso, mas aprendi o suficiente para mudar para um ramo mais tecnológico e seguir em frente. Isto a propósito do Martim e da professora Varela, que polarizaram as redes sociais num debate entre o empreendedorismo e a justiça salarial. Convém recordar que, sem gente que tenha iniciativa e corra os seus riscos, as economias não funcionam. É preciso que alguns se lancem em iniciativas empresariais, para que surgam novas companhias e negócios, renovando a economia e criando novos postos de trabalho. Também é preciso que o trabalho seja bem remunerado, para garantir a todos uma vida digna, para que as sociedades sejam coesas e os países prosperam. Negar uma das faces desta moeda, ou promover apenas uma delas, é maniqueísmo ideológico. Não há empreendedores sem consumidores que lhes comprem os seus produtos; não há trabalho sem gente que crie e dirija empresas. A partir daqui, é preciso que as instituições promovam a criação de empresas e que regulem as relações entre os empresários e os trabalhadores. Que cada um cumpra o seu papel: que o negócio do Martim cresça e se transforme numa Zara portuguesa, que a professora Varela estude e combata determinadamente a exploração do homem pelo homem. Sem estas duas forças ­– contraditórias, mas complementares ­- não há nem tshirts, nem empresas ou trabalho para ninguém. E se os soubermos conciliar num objectivo comum e partilhado, teremos mais empresas e melhores salários para todos. Este é que é o grande desafio que o Martim, a professora Varela e a assistência que manda bocas, ainda não souberam encarar.


José Diogo Madeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
Este comentário é da exclusiva responsabilidade do seu autor.

Sem comentários:

Enviar um comentário