sábado, 15 de novembro de 2014

[Opinião +D] Lei do “bota a baixo”!

 Sem ver nada nem ninguém, em prol de uma poupança desenfreada este governo quer pôr o Instituto de Odivelas – Infante D. Afonso abaixo devido às suas políticas de economia barata e vil.
O colégio em si foi fundado pelo Infante D. Afonso, filho do então Rei D. Carlos, para a formação de filhas de oficiais órfãs ou de oficiais combatentes e não combatentes da armada e dos exércitos do [então] reino e do ultramar dando a necessáriaeducação, uma instrução geral e, além disso, a instrução profissional que pudesse, de futuro, criar-lhes os precisos meios de subsistência, formação essa tutelada pelo exercito português. Essa foi a intenção amolgada no decreto real de D. Carlos para além de outras nele escrito, tendo recebido como primeiro nome: Instituto Infante D. Afonso Henriques, pois este era também o nome do filho do Rei D. Carlos.
Mas a maior importância desta instituição já foi em plena república, alegadamente com a passagem de Adelaide Cabete [ (Alcáçova, Elvas, 25 de janeiro de 1867 — Lisboa, 14 de setembro de 1935) foi uma das principais feministas portuguesas do século XX. Republicana convicta, foi médica obstetra, ginecologista, professora, publicista, benemérita, pacifista, abolicionista, defensora dos animais e humanista, etc.] onde foram alterados os conteúdos de ensino, a meu ver, avançados para a época pois davam alguma educação sexual às suas alunas, e onde o instituto muda de nome duas vezes. Primeiro como Instituto Torre e Espada e depois Instituto Feminino de Educação e Trabalho, só em 1942 é designado Instituto de Odivelas, ficando destinado a educar e preparar para a vida prática indivíduos do sexo feminino. Dele saíram varias notáveis mulheres pioneiras como Isabel Maria Gago (1913-2012), primeira mulher portuguesa formada em Engenheira Química, Paula Costa, primeira mulher portuguesa piloto da Força Aérea, Maria Isabel Joglar, primeira mulher portuguesa praticante da modalidade olímpica de tiro de pistola, Maria João Rolo Duarte, primeira repórter desportiva portuguesa, Julieta Espírito Santo, primeira médica são-tomense, Ana Maria Lobo, cofundadora e primeira presidente da Associação Portuguesa de Mulheres Cientistas, Luna Andermatt (1926-2013) Fundadora da Companhia Nacional de Bailado, Rosa Lobato Faria, actriz, escritora e compositora, que tive o prazer de conhecer,  Maria Antónia Luna Andermatt, primeira bailarina com formação em Portugal e em Londres, e bolseira pelo Instituto de Alta Cultura. Muitas mais podia mencionar mas quero também salientar que neste Instituto também se formaram muitas mães de ministros e secretários de estado, como também filhas de ministros. Também não posso deixar de falar que eu próprio recebi, indiretamente, a educação deste instituto, pois a minha mãe é ex-aluna deste instituto e que a sua importância para a vida dela é imensa, pois o meu avô Júlio António da Trindade Junior, esteve na guerra do ultramar e a minha avó Olinda faleceu ainda a minha mãe era muito menina. Os bons costumes deste instituto de formação passaram para mim através da minha mãe e que sabe se não foi assim com tantos outros que permanecem anónimos.
A idiotice deste encerramento a esta Instituição, bem como dos “pilões” 1 e dos “ratas” 2, demostra o fazer tábua rasa às tradições de mais de cem anos de cada instituição, que os próprios não querem, que estão a tirar grandes pedaços à história do feminismo português no caso do I.O.
Mais, qual é o pai sem comoção que, com a fama das instituições masculinas, vai transferir a sua filha para o Colégio Militar???
Posto isto, quero convidar-vos para o cordão humano que hoje, dia 15, irá decorrer no Largo D. Dinis, em Odivelas, em prol desta instituição e com isto demostrar o descontentamento do encerramento de mais uma instituição de excelência no ensino português.

 alcunha dada ao alunos do Instituto dos Pupilos do Exército;
 alcunha dada ao alunos do Colégio Militar;

Ricardo Trindade Carvalhosa  (membro da Coordenação Nacional do +D)


Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

Sem comentários:

Enviar um comentário