segunda-feira, 21 de outubro de 2013

[Opinião +D] Revoluções

Este Orçamento é bom para os credores, mas é péssimo para os portugueses. Cada um governa para quem quer. Mas um povo não pode ser governado por quem está sempre contra ele. Um dia, à força de tanto esticar, a corda rebenta. Não é possível calcular o momento exacto em que isso acontece, mas todas as opressões explodem em episódios de libertação. A república de 1910, o 25 de Abril e até mesmo o 28 de Maio de 1926 (que prefaciou a ditadura salazarenta) foram reacções à deterioração das condições políticas e económicas dos portugueses. Vivemos nestes dias um processo semelhante - um empobrecimento violento das pessoas e das famílias (ao mesmo tempo que aumentam as desigualdades entre pobres e ricos) e uma enorme desconfiança entre governantes e governados (é ver a quantidade de gente que deixou de votar ou votou branco/nulo nas autárquicas). O Orçamento para 2014 massacrará a generalidade dos portugueses, violando especialmente pensionistas e funcionários públicos. E a tímida retoma económica, que se vislumbrava, fica ameaçada pelos novos cortes salariais e aumentos fiscais. Provavelmente, os credores de Portugal conseguirão recuperar o seu dinheiro, mas os portugueses ficarão exangues para os contentarem. O caldo necessário para as erupções da história está por aí. Há aquela conversa de que os portugueses são um povo de brandos costumes. E, de facto, os poderes que substituíram o rei D. Manuel II e Marcelo Caetano deixaram-nos partir tranquilamente para o exílio. Mas não foi por isso que essas revoluções ficaram por fazer.


 
 
 
 
José Diogo Madeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
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