Fui ver ao dicionário
e eis o significado de Política: sf (gr politiké) 1 Arte
ou ciência de governar os povos. 2 Arte ou ciência da
organização, direcção e administração de nações ou Estados. 3 Aplicação
desta arte nos negócios internos da nação (política interna) ou nos negócios
externos (política externa). 4 Orientação ou métodos
políticos.
Devia, portanto, ser
esta a prática dos políticos. Analisando ponto por ponto, a política é uma arte
ou ciência, por isso, exige conhecimento e sabedoria e não carreirismo. Ou
seja, um político deveria ser eleito pela sua competência e devia estar pronto
a prestar um bom serviço ao seu país quando exerce a governação. Devendo existir consequências para quando assim não acontece.
Os políticos deviam
ser capazes de organizar, dirigir e administrar as nações e não deixá-las afundar
no caos e desordem. Deviam, também, saber aplicar essa “arte” por forma a saber
salvaguardar os negócios e interesses do país que representam. Atenção, não se
trata dos interesses pessoais mas sim os interesses do seu país. Por fim, é
preciso ter orientação e método, não basta ter-se desejo ou apenas ambição.
Quem está a ler este
texto deve estar a pensar que isto é básico. É verdade, é básico mas, ainda
assim, parece que os nossos políticos não sabem isto. Ou se sabem praticam-no
muito pouco.
Sinto que cada vez há
menos gente de valor a dedicar-se à política. Sinto que cada vez se dá menos
valor à transparência, integridade, nobreza de carácter, capacidade de
trabalho, educação, formação, dedicação e ao valor da palavra dada. São estes e
outros valores semelhantes que deviam forjar um político. Infelizmente parecem
estar a deixar de ser importantes e, infelizmente, não sou só eu a senti-lo.
Isto está patente nos resultados da abstenção e na crescente alienação da população
face a cada ato eleitoral que se apresenta.
Os políticos de hoje são,
maioritariamente, fruto de carreirismo e desejo de escalar rapidamente a hierarquia
partidária. Por isso, essa “ciência” ou “arte” deixou de ser vista como tal e é
hoje mais conotada com lobbies, protecionismo de interesses, favorecimentos
ilícitos, etc. Com isto ninguém ganha, todos perdemos.
Estes fenómenos minam
os próprios partidos. Criam-se fações e divisões internas que, muitas vezes,
acabam por destruir projetos que, à partida, tinham tudo para dar certo. Muitas
vezes, afastam gente de valor que acaba por se cansar de todo este clima de
ambição desmesurada e doentia. Por outro lado, isto não acontece apenas nos
partidos grandes. Também nos pequenos partidos aparecem tais figuras emergentes.
Gente que tudo quer e em pouco tempo de preferência mas que nada dá e em nada
contribui.
A política e os
políticos deviam voltar a enobrecer-se não apenas por si e pela sua imagem mas
porque deviam realmente existir para servir o bem-estar da sua nação e do seu
povo. Deviam ser o exemplo e não a exceção. Deviam ser o modelo e não o repúdio.
Que a política volte a ser uma “arte” e uma “ciência” e que os políticos a
saibam honrar e exercer.
Margarida Ladeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
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