A consciência dos povos também
se formata por agendas mediáticas e, não obstante a pulverização dos meios
(sobretudo na “internet”), a televisão continua a ser o meio por excelência.
Por isso, continuo a defender um Serviço Público de Televisão, que saiba
difundir a visão que mais tenha a ver com os interesses estratégicos de
Portugal.
Hoje, isso está ainda muito
longe de acontecer. Apenas um exemplo: a atenção que a RTP (Rádio Televisão
Portuguesa) dedica, em geral, ao espaço lusófono. Em comparação com o
acompanhamento que dedica a outros espaços geopolíticos, a única conclusão
possível é que para a RTP o espaço lusófono continua a ser algo de residual.
Dos outros canais nem vale a
pena falar, pois ainda conseguem ser piores. Quando há alguma notícia é, em
regra, pelas piores razões, como se tudo o que acontece no espaço lusófono
fosse, por definição, mau. As boas notícias (quase) nunca aparecem nos grandes
noticiários - antes são remetidas para guetos televisivos. Tudo o mais parece
servir apenas para perpetuar os lugares-comuns de sempre: “o Brasil é o país do
samba e do futebol”, a “África é um continente perdido”, etc.
É bem verdade que o mau
exemplo vem de cima. Alguém me sabe explicar, por exemplo, porque todos os
nossos líderes políticos aparecem sempre com as bandeiras de Portugal e da
União Europeia (para além da bandeira partidária) e nunca também com a bandeira
da CPLP: Comunidade dos Países de Língua Portuguesa? Bastaria esse pequeno
gesto simbólico para que a Lusofonia tivesse um peso maior no nosso espaço
mediático.
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