segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

[Opinião +D] Nada, de facto, como regressar aos clássicos para desvendar os paradoxos caseiros…

Há quem não consiga perceber os paradoxos da dita “esquerda portuguesa”, que, quanto mais diz pretender unir-se, mais se divide (vide as últimas iniciativas de Rui Tavares e Carvalho da Silva), mas, para compreendermos esses paradoxos, nada melhor do que regressar aos velhos gregos – em particular, ao pré-socrático Zenão de Eléia. Descreveu ele a seguinte situação: “Imagine um atleta querendo correr uma distância de 60m, para chegar no final do percurso ele primeiro terá que passar no ponto que corresponde a 1/2 (metade) do percurso, depois no próximo ponto que corresponde a 2/3 do percurso, depois 3/4 do percurso, para assim chegar a 4/5 do percurso e depois 5/6 do percurso e depois 30/31 do percurso ao ponto correspondente a 199/200 e depois ao ponto 5647/5648 do percurso (que numericamente corresponderia a 59,9893798 metros), tendendo assim a ser um número infinito de pontos antes que o corredor chegue ao final. Como o infinito é uma abstração matemática que significa algo que não tem limite, o atleta jamais conseguiria chegar ao final do percurso (60 metros), pois ele teria que percorrer infinitos pontos para chegar a um final”. Nada, de facto, como regressar aos clássicos para desvendar os paradoxos caseiros…






Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)
Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

1 comentário:

  1. Interessante! Depois veio o Bergson (que Leonardo Coimbra admirava) com a seguinte ideia. Simplificando, ele contraria essa abstracção das aporias de Zenão, naturalmente nascente com o Lógos na época dos pré-socráticos: uma coisa é a métrica dos espaços no seu movimento, outra os passos no seu movimento, por exemplo, os de Aquiles e os da tartaruga. De facto, certas abstracções atingem hoje as nossas «economias» contemporâneas. Resultado de todo um processo ocidental que, nos nossos dias, se excedeu esquizofrenicamente…

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