terça-feira, 3 de dezembro de 2013

[Opinião +D] “A mão invisivel” ou a vegonha de quem estende a mão

Para além da crise sufocante que se vive, o que mais preocupa são os comprometedores caminhos políticos trilhados, porventura sem retorno, no que respeita à sociedade para todos. As orientações, marcadamente ideológicas, não deixam antever um mundo justo. As idéias repetem-se, a história reconta-se. É preciso aprender com as suas lições. Há ideologias que mais não fazem do que defender o interesse de poucos, em detrimento de muitos. Não porque os homens sejam maus mas mas porque são, acima de tudo guiados, pelo interesse próprio. Como resultado da sua ambição, os meios escasseiam para os outros. Se o liberalismo surgiu, nomeadamente o económico, com base no ideal de igualdade e de liberdade, sem submissão a “um rei ou senhor” pode fazer sucumbir o interesse social e aniquilar o direito das maiorias. No mais perfeito dos mndos, os liberais estabeleceriam uma relação de equilibrio, entre os seus valores e os da sociedade. A história veio provar que não acontece assim e, a psicologia, pode explicar este fenómeno de desregulação. A sociedade, por ser diversa, não se apresenta igual no domínio das competências e das oportunidades. Por conseguinte a posse, em excesso, de uns conduz outros, à mais vil das carências. Não tinha razão Adam Smith, quando preconizava que, num sistema liberal, “uma mão invisivel” conduziria à realização do bem comum. Verificamos que, não obstante tal, amplos movimentos sociais se desdobram em boa vontade, para suprir as dificuldades gritantes, em que muitos vivem. São prova disso as campanhas do banco alimentar contra a fome, com as mais de duas mil e setecentas toneladas de alimentos recolhidos, a mobilização de 400.000 voluntários à porta de quase todas as grandes superficies, ao longo do País. Naquilo a que alguns chamam “economia da fome”, está-se longe de viver o ideal da igualdade e da justiça. Da liberdade para todos. Não se pode imaginar a vergonha e o vexame de quem estende a mão. Outros, vão fazendo subir, ainda mais, as suas fortunas. A mão que se estende, não é, pois, invisivel, mas a da vergonha.


Conceição Couvaneiro (Conselho Geral do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

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