Passou-se mais um 1º de
Dezembro e percebe-se bem o incómodo que a data, apesar de deixar de ter sido
feriado oficial, gera – sobretudo na nossa classe política. Nas últimas
décadas, impingiram-nos a tese de que a independência política era um valor
anacrónico. Hoje, todos dizem lamentar a sua falta e alguns falam mesmo da
necessidade de uma “Restauração”.
Decerto, no Século XXI a
independência política não se pode equacionar nos mesmos termos do passado. Num
mundo cada vez mais globalizado, um país como Portugal, sobretudo depois do
Império, só pode sobreviver integrado em plataformas político-económicas mais
vastas – no nosso caso, falamos
da plataforma europeia e da plataforma
lusófona.
Ainda assim, importa ter a
independência política suficiente para podermos gerir, soberanamente, a
integração nessas duas plataformas. O que deixou, em grande medida, de
acontecer. Ao contrário, por exemplo, da Grã-Bretanha, que nunca deixou que a
(Des)União Europeia condicionasse a sua aposta estratégica na Commonwealth, Portugal desprezou,
durante décadas, a aposta estratégica no espaço lusófono, crente que a
(Des)União Europeia nos bastaria. O que foi, decerto, um dos maiores erros geopolíticos
da nossa história.
Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)
Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.
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