domingo, 1 de dezembro de 2013

[Opinião +D] Quem nos governa realmente?

Perdoem-me voltar a este tema mas a ingenuidade e despreocupação com que muitos continuam a olhar para a atual União europeia preocupa-me.
Ontem no lançamento do seu livro de memórias, Zapatero afirmou que, em 2011, a chanceler alemã, Ângela Merkel, lhe propôs uma assistência financeira de cerca de cinquenta mil milhões de euros, garantindo também que Itália iria receber oitenta e cinco mil milhões de euros. A esta sugestão, ter-se-ão também juntado pressões do ex-diretor-geral do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, em Junho de 2010 e do antigo Presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, numa carta que enviada, a Zapatero, em Agosto de 2011.
Apesar de não ter cedido a pedir assistência, tal como fizeram Portugal, a Irlanda ou a Grécia, a Espanha acabou por receber ajuda financeira para a recuperação da banca espanhola mas Zapatero afirmou que a verdadeira ajuda chegou de Tony Blaire e não das instâncias que supostamente “queriam ajudar”. Falou de uma espécie de aliança espano-inglesa para superar aquele período difícil e criticou a falta de um verdadeiro espírito europeu. Culpou a Alemanha de agudizar o problema da falta de solidariedade na Europa, sobretudo, através do eixo franco-alemão.
Zapatero afirmou que os países que mais tinham de convergir, foram quem mais sofreu com a crise mas acabou por desejar que nenhum país saia do euro, nem da União Europeia. Eu sempre desejei o mesmo mas, hoje em dia, já me questiono sobre o que realmente existe de união nesta Europa. Europa essa, onde parecem existir cada vez mais países à beira da rutura iminente e o pior é que os mais fortes estados parecem muito pouco interessados nisso e bem mais preocupados em acumular mais e mais riqueza.
Isto faz-me lembrar outra notícia desta semana, a de que os muito, muito ricos de Portugal, estão cada vez mais ricos. Até tinha graça se não fosse trágico. Num país onde os níveis de desemprego atingem níveis nunca antes vistos, em que há cada vez mais idosos a viverem e a morrerem mais e mais sós, em que as famílias recorrem cada vez mais às filas da caridade, em que dia para dia mais crianças vão para a escola com fome e em que cada vez mais jovens fogem daqui para fora. Os mais ricos estão mais ricos!!! Extraordinário! Se bem que, não era de esperar outra coisa…
Só me apeteceu chamar-lhes... Patriotas!!! É isso. São uns ótimos patriotas e pergunto-me se se sentem bem à noite. Mas claro que eu não passo de uma ingénua sonhadora que todos os dias acordo e me atrevo a pensar que este país irá voltar a melhorar porque todos nós amamos Portugal.

Margarida Ladeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
Este comentário é da exclusiva responsabilidade da sua autora

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