Perdoem-me voltar a este tema mas
a ingenuidade e despreocupação com que muitos continuam a olhar para a atual
União europeia preocupa-me.
Ontem no lançamento do seu livro
de memórias, Zapatero afirmou que, em 2011, a chanceler alemã, Ângela Merkel,
lhe propôs uma assistência financeira de cerca de cinquenta mil milhões de
euros, garantindo também que Itália iria receber oitenta e cinco mil milhões de
euros. A esta sugestão, ter-se-ão também juntado pressões do ex-diretor-geral
do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, em Junho de 2010 e do
antigo Presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, numa carta que
enviada, a Zapatero, em Agosto de 2011.
Apesar de não ter cedido a pedir
assistência, tal como fizeram Portugal, a Irlanda ou a Grécia, a Espanha acabou
por receber ajuda financeira para a recuperação da banca espanhola mas Zapatero
afirmou que a verdadeira ajuda chegou de Tony Blaire e não das instâncias que
supostamente “queriam ajudar”. Falou de uma espécie de aliança espano-inglesa
para superar aquele período difícil e criticou a falta de um verdadeiro espírito
europeu. Culpou a Alemanha de agudizar o problema da falta de solidariedade na
Europa, sobretudo, através do eixo franco-alemão.
Zapatero afirmou que os países
que mais tinham de convergir, foram quem mais sofreu com a crise mas acabou por
desejar que nenhum país saia do euro, nem da União Europeia. Eu sempre desejei
o mesmo mas, hoje em dia, já me questiono sobre o que realmente existe de união
nesta Europa. Europa essa, onde parecem existir cada vez mais países à beira da
rutura iminente e o pior é que os mais fortes estados parecem muito pouco interessados
nisso e bem mais preocupados em acumular mais e mais riqueza.
Isto faz-me lembrar outra notícia
desta semana, a de que os muito, muito ricos de Portugal, estão cada vez mais
ricos. Até tinha graça se não fosse trágico. Num país onde os níveis de desemprego
atingem níveis nunca antes vistos, em que há cada vez mais idosos a viverem e a
morrerem mais e mais sós, em que as famílias recorrem cada vez mais às filas da
caridade, em que dia para dia mais crianças vão para a escola com fome e em que
cada vez mais jovens fogem daqui para fora. Os mais ricos estão mais ricos!!!
Extraordinário! Se bem que, não era de esperar outra coisa…
Só me apeteceu chamar-lhes... Patriotas!!!
É isso. São uns ótimos patriotas e pergunto-me se se sentem bem à noite. Mas claro
que eu não passo de uma ingénua sonhadora que todos os dias acordo e me atrevo
a pensar que este país irá voltar a melhorar porque todos nós amamos Portugal.
Margarida Ladeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
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