quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

[Opinião +D] Aguenta? Ai, aguenta, aguenta...

Estas famosas palavras de um banqueiro do BPI (que, entretanto, já encaixou o filho no governo), dão conta de uma muito conhecida capacidade lusa para suportar os sacrifícios e o pesado jugo da opressão interna ou estrangeira. São mais atuais que nunca, dado o novo tapete fiscal que se prepara para abater sobre nós (somando-se a todos os outros). Não há sinais no horizonte de contestação generalizada, pelo que, de novo,  o Povo vai "aguentar". Aguentar sem horizonte, já que os pontos cruciais que nos levaram a esta Austeridade sem fim nem destino persistem por resolver: o desajustamento do Euro à nossa economia, as "rendas excessivas" dos grande oligopólios (agora em mãos estrangeiras), as PPPs e, sobretudo, os juros especulativos.

Imaginemos por um minuto que um Governo (que teria que ser bem diferente dos rotativos governos PS-PSD) decretava que, sim, haveria austeridade, mas que, em contrapartida, se recusava pagar a Dívida Imoral (corrupta ou especulativa), que as PPPs eram desfeitas (nacionalizadas) e que, dos juros, se pagava apenas aqueles que eram justos ou em níveis compatíveis com os da inflação?


Aqui sim, valeria a pena sofrer com a austeridade, porque algo iria mudar em consequência desta. Todos seríamos capazes de viver com menos, esperar menos, consumir menos, se soubéssemos que, com estes sacrifícios, algo se alterava na equação. Assim não sendo, vale a pena passar por estas quebras radicais de rendimentos, por este empobrecimento sistemático, por esta depressão coletiva?




Rui Martins (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

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