Um novo Orçamento de Estado (OE) para 2014, foi aprovado na generalidade, após dois dias de debate parlamentar. Mais uma vez inclui cortes nos salários da Função Pública, agora a partir dos 600 euros e reduz os gastos com pensões. Foi aprovado pela maioria, com os votos a favor do PSD e CDS (claro!) Toda a oposição votou contra: PS, PCP, Bloco de Esquerda e os Verdes mas não só: Rui Barreto, deputado do CDS do círculo da Madeira, também votou contra, à semelhança do que já havia feito em 2013. Bem haja, pela coragem e por mostrar que ainda há na política quem atue de acordo com a sua consciência. Enfrenta um processo disciplinar dentro do CDS por causa do voto contra do ano passado e com este novo chumbo pode arriscar a expulsão do partido. Não o conheço mas passou a merecer a minha admiração.
A proposta de Lei do OE para 2014, bem como as Grandes Opções do Plano irão agora baixar à Comissão de Orçamento e Finanças para ser minuciosamente discutido, com quase todos os ministros do Governo e, eventualmente, podem ser alteradas. Essa discussão começa na próxima semana e a votação final global do OE, depois de discutidas e aprovadas as propostas de alteração, está marcada para 26 de Novembro. Esperemos um “milagre”!!!
O OE foi aprovado, sem surpresas e sem palmas, ao contrário do que é habitual. Paulo Portas fez um discurso onde afirmou:” A partir de junho de 2014, haverá vida para além da Troika". Entretanto, os trabalhos no parlamento tiveram de ser interrompidos e só prosseguiram depois de os seguranças evacuarem as galerias. As pessoas saíam enquanto gritavam palavras de ordem contra o Governo, tais como: "Assassinos!" Antes de Paulo Portas continuar o seu discurso, Assunção Esteves afirmou calmamente: “Este é o vosso Parlamento" e Paulo Portas retomou o discurso, dizendo que acredita "no direito de protesto das pessoas”. Tanta hipocrisia, em tão pouco metro quadrado! Quase podia ser cómico se não fosse trágico.
Sim é verdadeiramente trágica para Portugal esta política que segue, mais uma vez, pelo caminho da austeridade e, mais uma vez , envereda pelo caminho mais fácil, cortar na Função Pública porque todos sabemos que esta “come e cala”. Tal e qual uma esposa maltratada e que já não reage. Do outro lado, as pensões. Corta-se naqueles que já não tem força anímica para reagir. Naqueles que estão cada vez mais sós, cada vez mais frágeis e cada vez mais infelizes e que no fim da sua vida tem agora, muitas vezes, de ajudar filhos desempregados. No extremo oposto, o Sr. Kröger que defende que os portugueses se devem reformar aos 67 anos, reformou-se aos 61 e continua a trabalhar para a Troika, recebendo por mês cerca de 10.000 euros por mês. Um exemplo a seguir mas não por todos, claro…
Serei só eu ou mais alguém acha que a demagogia dos políticos começa a roçar a demência? "Este OE é o último do programa assinado com a Troika", começou por ressalvar Paulo Portas. "Estamos na reta final de um pesadelo". Qual cenoura à frente de um burro, os nossos políticos acharão realmente que ainda alguém acredita no que eles dizem? Ou que os ouvem sequer? Mas o grande e mais grave problema é que são eles que decidem e os portugueses continuam a aguentar e calar e a tão apregoada Reforma de Estado não passa de uma enormíssima falácia, muito falada mas eternamente adiada…
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