quinta-feira, 21 de novembro de 2013

[Opinião +D] Ponto de Ruptura

Não creio que Decisores Políticos (os que fingem mandar, em Portugal, e os que efetivamente mandam, em Bruxelas) tenham exata noção do risco que estão a correr ao deixar que cresça ilimitadamente o número de Desempregados Seniores em Portugal. O avolumar contínuo deste número está a criar a massa crítica suficiente para fazer ascender o desespero e o sentimento "nada-a-perder"  a um número crescente de cidadãos colocados assim para além desse ponto limite, empurrando-os para um ponto de ruptura.

Se nada mudar - muito depressa - teremos algo de muito trágico e violento, de consequências e impacto que rapidamente fugirão a qualquer tentativa de controlo ou moderação. Estes Decisores esquecem que foi depois da auto-imolação de um desempregado na Tunísia que eclodiu a Primavera Árabe que depois regimes estáveis com mais de 40 anos e rapidamente se propagou a vários países do norte de África e do Médio Oriente. Os portugueses são "o melhor povo do mundo", mas são
humanos e o seu desespero tem limites máximos e estes já foram alcançados por muitos desempregados seniores que sem perspetivas migratórias (os mercados de destino procuram jovens), sem qualquer subsídio, a mais de dez anos de uma reforma com penalizações e sem qualquer perspetiva de formarem novas empresas (nove em dez abrem falência no primeiro ano) ou de conseguirem regressar ao mercado de trabalho, estão cada vez mais sensíveis aos discursos e impulsos mais radicais e extremos.

Este desespero não é apenas perigoso para a Situação. É-o também para a própria Democracia e devia de merecer aos Decisores nacionais e europeus a mais alta das prioridades.




Rui Martins (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

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