Ouvir
falar da Irlanda faz particular ressonância nos meus sentidos. É um
Pais de que gosto e a que me ligam especiais afetos. Em pleno período de
crise e de assistência financeira, numa visita à Irlanda, há dois anos,
questionava-me ante o que via. Pensava se seria mesmo verdade
encontrarem-se sob ajuda externa e manterem tal nível de vida, comparado
com o nosso. No que mais me detive foi na educação, que constituiu uma
das suas grandes estratégias de desenvolvimento. Na sua aposta na
política de pessoas altamente qualificadas. Pude assistir, por
experiência próxima, à política de internacionalização dos estudantes e
às facilidades a estes concedidos: facilitação de vistos, cursos de
línguas, mas sobretudo o facto de existirem, neste estado, três
condições de suporte que são o seu ex-libris: ser estável, amigável e
seguro”. Inteirei-me dos seus notáveis avanços tecnológicos, dos últimos
40 anos. Para além do investimento nas políticas dos solos, a grande
aposta é o desenvolvimento de áreas consideradas de ponta: softwares,
computadores, biomedicina, produtos médicos, farmácia, entre outros.
Mas, a acompanhar o pragmatismo das ciências e sua adequação aos novos
tempos os programas escolares apostam numa educação reflexiva, inovadora
e construtora de conhecimento próprio. A captação de valor que os
estudantes podem trazer para o desenvolvimento do País,
independentemente da sua proveniência. Se também há saída de jovens,
muitos são os estrangeiros que se encontram a estudar e até são
inseridos profissionalmente, ali. Basta que mostrem valor. Ora, nos
últimos tempos, este País, tem sido muito escrutinado a propósito da sua
retoma de autonomia económica e, sobretudo a saída da ajuda externa e a
recusa de programas cautelares. A razão da sua confiança no futuro
poderá traduzir-se, quanto a mim, nos dados disponíveis da educação. “Na
Irlanda, 75% da população dos 25 aos 64 anos completou o Ensino
Secundário. A taxa de abandono precoce da educação é de 9,7 % (em
Portugal é de 20,8 %); 50% da juventude frequenta o ensino superior nos
cursos nas áreas de, estudos empresariais 24%, engenharias 13%, ciências
10%, softwares, 10%; 32,5 % concluem o ensino superior (em Portugal
apenas 13,7%, chegam ao fim). A razão da desesperança para Portugal
assenta neste dado muito comprometedor: 434 mil jovens não trabalham nem
estudam (2012). Talvez seja de pensar em que é que assenta o milagre do
chamado “tigre celta” e repensar as questões do cheque ensino. Nos
novos programas e políticas educativas, do Senhor Ministro Nuno Crato e
da sua equipa. Não sendo um País grande, a Irlanda – 4,5 milhões de
habitantes – tem condições para vir a ser um grande País. Talvez valesse
a pena pensar nas questões estruturantes como são as da educação.
Poderíamos também vir a ser o grande País que desejamos e podemos ser.
Conceição Couvaneiro (Conselho Geral do +D)
Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.
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