terça-feira, 19 de novembro de 2013

[Opinião +D] Educação: a aposta

Ouvir falar da Irlanda faz particular ressonância nos meus sentidos. É um Pais de que gosto e a que me ligam especiais afetos. Em pleno período de crise e de assistência financeira, numa visita à Irlanda, há dois anos, questionava-me ante o que via. Pensava se seria mesmo verdade encontrarem-se sob ajuda externa e manterem tal nível de vida, comparado com o nosso. No que mais me detive foi na educação, que constituiu uma das suas grandes estratégias de desenvolvimento. Na sua aposta na política de pessoas altamente qualificadas. Pude assistir, por experiência próxima, à política de internacionalização dos estudantes e às facilidades a estes concedidos: facilitação de vistos, cursos de línguas, mas sobretudo o facto de existirem, neste estado, três condições de suporte que são o seu ex-libris: ser estável, amigável e seguro”. Inteirei-me dos seus notáveis avanços tecnológicos, dos últimos 40 anos. Para além do investimento nas políticas dos solos, a grande aposta é o desenvolvimento de áreas consideradas de ponta: softwares, computadores, biomedicina, produtos médicos, farmácia, entre outros. Mas, a acompanhar o pragmatismo das ciências e sua adequação aos novos tempos os programas escolares apostam numa educação reflexiva, inovadora e construtora de conhecimento próprio. A captação de valor que os estudantes podem trazer para o desenvolvimento do País, independentemente da sua proveniência. Se também há saída de jovens, muitos são os estrangeiros que se encontram a estudar e até são inseridos profissionalmente, ali. Basta que mostrem valor. Ora, nos últimos tempos, este País, tem sido muito escrutinado a propósito da sua retoma de autonomia económica e, sobretudo a saída da ajuda externa e a recusa de programas cautelares. A razão da sua confiança no futuro poderá traduzir-se, quanto a mim, nos dados disponíveis da educação. “Na Irlanda, 75% da população dos 25 aos 64 anos completou o Ensino Secundário. A taxa de abandono precoce da educação é de 9,7 % (em Portugal é de 20,8 %); 50% da juventude frequenta o ensino superior nos cursos nas áreas de, estudos empresariais 24%, engenharias 13%, ciências 10%, softwares, 10%; 32,5 % concluem o ensino superior (em Portugal apenas 13,7%, chegam ao fim). A razão da desesperança para Portugal assenta neste dado muito comprometedor: 434 mil jovens não trabalham nem estudam (2012). Talvez seja de pensar em que é que assenta o milagre do chamado “tigre celta” e repensar as questões do cheque ensino. Nos novos programas e políticas educativas, do Senhor Ministro Nuno Crato e da sua equipa. Não sendo um País grande, a Irlanda – 4,5 milhões de habitantes – tem condições para vir a ser um grande País. Talvez valesse a pena pensar nas questões estruturantes como são as da educação. Poderíamos também vir a ser o grande País que desejamos e podemos ser.

 
Conceição Couvaneiro (Conselho Geral do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

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