Recentemente, quando vi (mais uma vez) uma carrinha da EMEL
multando condutores mal estacionada em segunda fila, abordei o motorista
da mesma perguntando-lhe diretamente se achava que estava a dar um bom
exemplo ao fechar assim uma via de circulação (junto ao Maria Matos).
O
funcionário, façanhudo, não respondeu, mas de imediato fui rodeado por
quatro fiscais da EMEL que me perguntaram o que queria, porque os estava
a incomodar e ameaçaram chamar a PSP, porque tinha fotografado a
carrinha estacionada em situação irregular (mas não os funcionários ou a
matrícula da mesma).
Obviamente, estes funcionários não
estão habituados a serem confrontados pelos cidadãos e reagem com a
prepotência e arrogância típica de quem se julga acima da lei.
De
facto, sabia que não me podiam tocar, apesar do seu cerco físico e
intimidatório e que a chamada da PSP era um bluff sem fundamento (desde
logo, se esta estivesse presente o agente teria que apresentar multa ao
veículo da EMEL), mas a verdade é que estas atitudes de exigência e de
confronto (não confundir com conflito) dos cidadãos para com os
representantes do Estado são ainda demasiado raras.
Quantas vezes eu próprio, perante um evidente abuso de autoridade me silenciei e olhei para o lado? Qual é, ainda hoje, o peso do "medo da autoridade" herdada do Salazarismo e vindo da Inquisição na mentalidade coletiva nacional? O que podemos todos fazer para sair deste torpor? E, sobretudo, qual é o papel desta nossa conhecida passividade coletiva nesta profunda e duradoura crise económica e social que vivemos?
Quantas vezes eu próprio, perante um evidente abuso de autoridade me silenciei e olhei para o lado? Qual é, ainda hoje, o peso do "medo da autoridade" herdada do Salazarismo e vindo da Inquisição na mentalidade coletiva nacional? O que podemos todos fazer para sair deste torpor? E, sobretudo, qual é o papel desta nossa conhecida passividade coletiva nesta profunda e duradoura crise económica e social que vivemos?
Rui Martins (membro da Coordenação Nacional do +D)
Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.
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