sábado, 16 de novembro de 2013

[Opinião +D] O euro interessa verdadeiramente a quem?

Esta semana o governo anunciou a descida do desemprego e o crescimento da economia no terceiro trimestre deste ano. Pergunto-me se haverá realmente quem acredite que isto se traduza em algo maior, quando provavelmente não evitará sequer o crescimento da nossa dívida pública mas espero estar enganada.

A mim este tipo de comunicados deixam-me cada vez mais perplexa pois tanto anunciam que sim que estamos no caminho certo e a melhorar, como no momento a seguinte Maria Luís Albuquerque comunica que não se pode ter a certeza de nada e, de facto, assim é, pois tudo depende da Alemanha. É ela quem verdadeiramente manda na Europa atualmente.

As políticas de austeridade impostas pela troika e pelo FMI não estão a resultar por mais que nos queiram fazer crer que sim. As únicas verdadeiras melhorias têm sido registadas pelo êxodo de gente que emigrou e envia dinheiro para Portugal, não dependendo, por isso, da empregabilidade nacional e não agravando os números do desemprego. Por outro lado, porque houve também um melhor desempenho das empresas exportadoras. A esperança reside nestes dois vetores.

Embora ninguém se atreva a anunciá-lo, muitos acreditam que o fim do euro é inevitável. Resta saber como será a Europa se isso realmente acontecer. A Alemanha parece augurá-lo pois é o único país a preocupar-se verdadeiramente com isso e não se iludam os defensores da Europa unida pois esta já não existe. Com muita pena minha o afirmo mas assim é. Se fosse verdadeiramente unida não haveria um país que é cada vez mais rico, face a outros que, cada vez mais, vivem estrangulados por uma austeridade imposta e que obriga a cumprir metas irreais.

Outra coisa que eu não entendo é que nenhum dos grandes líderes europeus se revolte com esta hegemonia da Alemanha. Com é que conseguem ficar calados perante a Alemanha de Merkel quando esta amordaça completamente as finanças nacionais e impede essas economias de crescer? Como se calam Cameron, Holande, Rajoy e todos os outros perante esta Alemanha cada vez mais rica e poderosa?

Mas tudo se explica quando olhamos para os desempenhos dos nossos próprios líderes. Estes a tudo se calam e quem manda realmente no nosso pais é a troika. Cavaco parece nem existir. Passos apenas tenta “fazer a lição” que a troika lhe apresenta. A oposição é muda e inútil e os portugueses parecem querer continuar eternamente a “correr atrás da cenoura”. Apesar de tudo eu gostava de me enganar e gostava que 2014 fosse realmente o ano do fim da crise.


Margarida Ladeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
Este comentário é da exclusiva responsabilidade da sua autora

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