domingo, 13 de julho de 2014

[Opinião +D] Que Europa queremos?

Fico espantada com o “servilismo” que tem caracterizado as relações Alemanha-Portugal. Quando me dizem que a “Alemanha ajudou Portugal” e que, por isso, devemos pagar a nossa dívida dá-me vontade de rir. Agora é própria Srª Merkel a dizer, que sim, que talvez tenham de se rever as condições da dívida. Fá-lo não por bondade mas sim porque os seus bancos já ganharam e muito com a dívida portuguesa. Porque sabem que as medidas de austeridade não podem continuar mais com o mesmo grau de crescimento e porque começam realmente a temer que a revolta popular chegue à rua pois todos temos consciência que as medidas de austeridade estão a chegar aos limites da insanidade.
A ideia que nos impuseram era a de que vivemos acima das nossas possibilidades, que fomos gastadores e agora tínhamos de pagar a fatura. Isto aliado à ideia de uma Alemanha que veio em auxílio dos países devedores. Mas a verdade não é assim tão linear. A verdade é que os bancos alemães graças às dividas dos países do sul da Europa aumentaram e muito as suas receitas. Por isso, é no mínimo ingénuo pensar que os alemães foram “bonzinhos”. Na realidade, a predominância que a Alemanha tem vindo a adquirir dentro das instâncias europeias é assustadora e perturbante. Chego mesmo a temer que aquilo que o Hitler não conseguiu com a 2ª Guerra Mundial esteja a ser alcançado pela via económico-financeira.
É por isso que cada vez mais defendo que os países do sul da Europa têm de se unir. Têm de colaborar, trabalhar e planear em conjunto medidas para defender os seus interesses e o seu futuro dentro da União Europeia. Ultimamente tenho pensado muito sobre o futuro do nosso país e que sociedade é esta que estamos a oferecer aos nossos filhos. Queremos deixar-lhes um país servil? Que, tal como outrora, na idade média, se comporta como um reino subalterno que tem de prestar vassalagem ao “reino todo poderoso da Alemanha”??? É esta a Europa que queremos para os nossos filhos? Se assim é estamos a regredir e não a evoluir.
Portugal tem de crescer. Temos de ser um estado membro de pleno direito na União Europeia. Portanto, deixemo-nos de servilismos que esses tempos já passaram. Se é verdade que Alemanha nos ajudou também é verdade que muito ganhou com isso. Pela minha parte quero que Alemanha se dane e se for para servir os seus interesses prefiro emigrar para África onde se fala português, onde há crescimento real e efetivo, onde há sol, calor e mar e onde não somos escravos dos bancos, nem do Ministério das Finanças…
Margarida Ladeira (Membro da Coordenação Nacional +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

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