[Opinião +D] Cultivemos

O verão anda tímido e a pressão do dia a dia deixa pouco espaço para que a imaginação encha de Sol o horizonte quando na realidade as nuvéns o tapam. Se por um lado procuramos nos mais ínfimos sinais, alicerces para os sonhos, a realidade deixa-nos encostados à parede a pensar como é que podemos avançar sem risco do céu nos cair em cima. Sempre que procuro dizer o que me vai na alma foge-me sempre o raciocínio para este meio pântano em que nos encontramos. Assim, como na borda de uma varanda alta, nos sentimos atraídos pelo abismo, não consigo no dia a dia, por mais radioso que seja, sentir  o corpo quente confiante e em sintonia com o voo  dos pássaros que cumprem o seu destino. É uma grande mancha que nos tolhe, nos enrola e atira assustadiços ao tapete. Estou farto, por mim, pelos meus, pelos outros que seja cada vez mais complicado romper esta teia. A pouco e pouco somos invadidos e dominados por uma lógica que nos adormece e anestesia deixando-nos em estado vegetativo para cumprirmos rituais de consumo imbuídos de fés que servem os senhores do mundo. Eles são os verdadeiros arquitetos do Universo e desenganem-se se acreditarem em casualidades. Darwin já nos explicou como é feita a seleção natural. O clique acontecerá, seguindo a teoria, quando em rede conseguirmos juntar os pedaços de resistência que individualmente mantemos. Quanto a mim a Cultura faz isso.     

Carlos Seixas  (membro da Coordenação Nacional do +D)

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