domingo, 1 de setembro de 2013

[Opinião +D] Silêncio absurdo

No dia 29 de Agosto mais uma bombeira morreu, num incêndio em Tondela, elevando para cinco, o número das vítimas mortais no combate aos incêndios florestais, registados este ano em Portugal. Até agora o incêndio mais preocupante ocorreu na Serra do Caramulo que lavrou em várias frentes e chegou a mobilizar cerca de 900 bombeiros. Destruiu milhares de hectares de floresta de eucaliptos e, mais grave ainda, de pinheiros e cedros centenários. No resto do país, só nesse dia, quase 2.000 operacionais combatiam os 14 maiores incêndios ativos.

O problema dos incêndios parece agravar-se de ano para ano, apesar do aumento constante dos meios disponibilizados e dos operacionais que todos os anos vão para o terreno. A meu ver é na prevenção e num controlo mais rigoroso do modo como se cuida dos terrenos que se deve apostar. Deve ser exigido um maior controlo, pois, o cuidado com a nossa floresta tem sidonegligenciada pelos sucessivos governos, autarquias e privados. Há ainda quem defenda, também, uma maior punição dos culpados destes crimes.

Mas este meu breve texto pretende refletir também sobre um outro facto, o absurdo silêncio e aparente indiferença de Cavaco Silva que, num momento dramático como este, optou por um mutismo inexplicável. Os portugueses não tardaram a reagir a tal atitude e publicaram centenas de comentários de indignação na página do facebook da Presidência da República.

Foram então “emitidos, publicamente, comunicados de condolências às famílias dos cinco bombeiros falecidos e o Presidente da República endereçou “uma palavra de agradecimento” aos bombeiros, agentes de proteção civil e populações pelo “desempenho notável” no combate aos incêndios, sublinhando que a morte de bombeiros não se pode transformar numa realidade habitual”. Esta tardia reação não convenceu ninguém, ou convenceu muito poucos.

Os portugueses, pelo contrário, não se ficaram por aqui e aderindo a um movimento que surgiu no facebook começaram a dirigir-se em “massa” aos quartéis de bombeiros para apoiá-los não só financeiramente mas também para lhes agradecer pelo que fazem pelo nosso país. Este é um exemplo de cidadania ativa que me encheu de orgulho e à qual os nossos principais dirigentes políticos deviam estar atentos e deviam seguir o exemplo.

Para a próxima deviam se os primeiros a reagir à dor dos colegas de corporação e das respetivas famílias dos bombeiros falecidos e deviam ser os primeiros a prestar homenagem a quem morre por um bem maior, o de defender a floresta deste país que é de todos nós e de quem o Sr. Presidente da República é o representante máximo.



Margarida Ladeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
Este comentário é da exclusiva responsabilidade da sua autora

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