Quando
alguém legislou sobre a impossibilidade de os autarcas permanecerem
indefinidamente à frente das suas autarquias, foi para trazer saúde e
higiene ao poder local. Mas esse mesmo alguém, provavelmente legislador
em causa própria, deixou um buraco na lei e não fechou a possibilidade
de os autarcas cumprirem um QUARTO mandato no município logo ali ao
lado. A Comissão Nacional de Eleições, que não por acaso é nomeada pelos
partidos, interpretou a legislação nesse sentido e permitiu que agora
se assista à futebolização autárquica. Alguns presidentes de câmaras
que, por já terem exercido TRÊS mandatos consecutivos, não se podem
candidatar no mesmo município, andam num frenesim, para se recolocarem
em novo poleiro. O presidente do município de Gaia, que já é candidato
no concelho do Porto é talvez o caso mais conhecido. Mas em muitas
outras localidades repete-se o fenómeno, com dezenas de candidatos a
fazerem pela vida. Isto é a degradação do sistema político. Gente que
faz lei mal feitas, para depois de aproveitar delas. Gente que vive na
politica porque não sabe fazer mais nada. Gente que faz do poder local
apenas um trampolim para as suas ambições e necessidades pessoais. Em
democracia, os eleitos servem os eleitores. Aqui, é uma casta que finge
servir os eleitores para se servir a si.
José Diogo Madeira (Coordenação nacional do +D = Democracia em Movimento)
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