A forma diferente como os
nossos “media” analisam casos análogos nunca deixa de nos surpreender. Vem isto
a propósito da incursão francesa no Mali, uma ex-colónia, com o pretexto da
iminente tomada da capital do país, Bamako, por militantes islamistas.
Imagine-se, por exemplo, que
tinham sido os norte-americanos a aterrar no Mali, como fizeram, nos últimos
anos, noutros países, alguns bem próximos deste país africano, com o mesmo
pretexto: combater a ameaça islamita. Imaginam as manchetes de jornais e as
manifestações de rua que já se teriam multiplicado por todo o país e até por
toda a Europa e até por boa parte do mundo?
Agora imaginem se Portugal
fizesse o mesmo na Guiné-Bissau – apesar de a ameaça não ser a mesma, a verdade
é que a Guiné-Bissau não está melhor de que o Mali. Aí, a ameaça é outra: os
narcotraficantes, que tornaram refém todo o Estado da Guiné-Bissau e, por via
disso, o próprio povo irmão lusófono guineense.
Não que o Movimento +
Democracia defenda uma posição unilateral de Portugal. Mas, a nosso ver,
exige-se uma intervenção da Comunidade Internacional, em particular, da
Comunidade Lusófona, como, de resto, tem sido reclamado pelo representante das
Nações Unidas na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta. Mesmo sabendo que, a haver uma
intervenção internacional com forças portuguesas, logo os nossos “media” teriam
uma posição diferente, falando até, não custa adivinhar, de “neo-colonialismo”.
Talvez seja melhor pedir à França...
Renato Epifânio (Coordenação nacional do +D = Democracia em Movimento)
Sem comentários:
Enviar um comentário