quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

[Opinião +D] Impulso primordial

Nos bancos de escola aprendi a gostar das realizações do espírito grego, coisas remotas do Séc V A. C. , na maior parte das vezes, que moldavam o nosso entendimento e nos dava uma determinada lógica para o dia a dia. 

Aprecio especialmente a capacidade de estruturar um sistema de referências que se adapta a quase todas as áreas do conhecimento humano. 

Ainda hoje admiro os Clássicos e procuro leituras nas metáforas imortais que nos legaram. Não sei muito do que estaria para trás, nem sei o que estará muito para a frente. O atual exemplo Grego, para mim, é o da atitude mas não esqueçamos que o povo Grego está acossado, foi empurrado para uma situação e deu o voto a um projeto que lhe vai exigir mais do que quer dar. 

Saiu da sua zona de conforto e apoiou uma rotura para a qual não mediu as consequências. É como aqueles democratas de longa data que chegam a casa e se sentam a ver televisão enquanto a mulher prepara o jantar, os miúdos e lava a roupa. Muito para além do voto estará a construção de um novo processo de envolvimento e responsabilização dos cidadãos. Lá como cá precisamos que a mudança, para além da espuma dos dias, altere realmente a nossa apropriação da intervenção pública. Para já fica este impulso, honesto, sofrido e capaz de pôr em sentido os setores mais retrogados e cínicos de uma sociedade dita tolerante e plural. 

Carlos Seixas  (membro da Coordenação Nacional do +D)



Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.


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