Na passada quarta-feira dia 7 de Janeiro de 2015, houve um atentado no jornal Charlie Hedbo onde foram assassinados vários jornalistas/cartoonistas. Este jornal era famoso pelos seus cartoons satíricos. Entre esses cartoons estavam alguns que visavam a religião Islâmica, que vieram a dar origem a este atentado.
Na sequência destes acontecimentos, todos os jornais, televisões, jornalistas, políticos e público em geral, têm manifestado o seu repúdio pela falta de liberdade de expressão e todos afirmam: “Je suis Charlie.” Esta frase tem sido capa de todos os jornais e tem aparecido nas redes sociais como palavra de ordem.
Será que somos mesmo todos “Charlie”?!
Quando vejo jornalistas portugueses a dizerem que são “Charlie” e não têm coragem para não fazer favores ao Governo e vejo jornalistas serem despedidos por fazerem determinadas críticas a gente poderosa.
Quando vejo a Assembleia da República a dizer que está chocada com a falta de respeito pela liberdade de expressão, mas no dia 25 de Abril não deixou falar os “Capitães de Abril”.
Quando vejo que o Presidente da República Portuguesa não vai a um enterro de um escritor “Nobel” porque não gosta dele e não dá parabéns a outro que canta fado porque não canta o que ele gosta.
Não, não somos todos Charlie!!!
Concordo com esta manifestação de solidariedade por parte do povo, mas a solidariedade deve começar em casa. Porque é que por exemplo muitos idosos são mortos pelo Governo Português e ninguém vai para a rua com cartazes a dizerem “Je suis Idosos” ?
É extraordinária esta capacidade do Povo português se solidarizar com causas que não sejam suas e ignorar as que lhe dizem respeito.
Precisamos de mais Charlies em Portugal, sem medo de falar e de lutar pelas nossas causas.
Carlos Assunção (membro da Coordenação Nacional do +D)
Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.
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