quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

[Opinião +D] Segunda Economia

"O economista Brian Arthur inventou o termo "Segunda Economia" para descrever as economias onde computadores realizam transacções comerciais, directas, com outros computadores. Ora esse tempo já não pertence aos livros de ficção científica. Chegou e está aí. As consequências são claras: neste tipo de economia o "trabalhador" torna-se redundante. Apenas o "técnico" (e mesmo esse com limitações), o gestor (igualmente substituível a prazo por algoritmos automáticos de gestão e controlo operacional) e o empresário ou investidor são necessários. Por isso, já se assiste (por exemplo, nos EUA, e no setor têxtil luso) a recuperações de crises, sem a consequente, e habitual, retoma do emprego. A mecanização, a robotização e automação de processos quebraram os habituais processos de recuperação das economias a partir de situações de crise e arriscam-se a criar níveis de instabilidade social sem precedentes na História do Homem.

A contradição entre desenvolvimento económico e altos e crónicos níveis de desemprego (cidadãos sem níveis significativos de consumo) é assim o maior desafio da nossa época. Esta contradição será resolvida. E será porque a situação atual é completamente insustentável: automatização e robotização das unidades fabris, altos níveis de desemprego, prosperidade crescente e escandalosa para alguns e um Estado Social cada vez mais pobre (porque os mais ricos se furtam à sua responsabilidade social) são incompatíveis. Ou o sistema se reforma a bem, de forma gradual, democrática e justa ou implode, esmagado por uma massa impossível de suster de cidadãos excluídos dos processos de decisão, empobrecidos e desesperados e, implodindo, reencontra novos equilíbrios e renova a confiança dos cidadãos na comunidade e no Estado."

Rui Martins (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

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