Iniciou, ou está a iniciar-se, por todo o país um novo ano escolar e, para não variar, começou logo com a polémica de mais umas quantas escolas a fechar. Facto que o Ministro da Educação, Nuno Crato, afirmou dever-se unicamente à diminuição da população e à falta de alunos. Pessoalmente, duvido que esse seja o caso de todas as escolas que estão a passar por esse processo. De qualquer modo, é lamentável que tal facto faça com que até hoje existam pais que não sabem como resolverão a sua vida e a dos seus filhos a partir de segunda feira.
Para não variar também as turmas continuam a crescer em número de alunos o que o Ministro também achou normal e até comparou com as turmas de outros países. Ora, todos sabemos que talvez tenha de ser assim mas também todos sabemos que turmas com trinta alunos são contraproducentes apesar de também isto, o Ministro tenha tentado desvalorizar e valeu-se de médias para o fazer. A meu ver isto é ridículo. As turmas têm de ser feitas de acordo com as realidades escolares. A meu ver, turmas com alunos de necessidades especiais têm de ser menores. Turmas em “escolas de risco” têm de ser menores. Turmas com projetos educativos inovadores devem ser menores, etc, etc…Mas nada disto conta para um ministério e um governo onde, cada vez mais, parece faltar sensibilidade e bom senso.
O inglês parece ser a bandeira de orgulho do Ministro Nuno Crato pois a futura prova do 9º ano será feita pela prestigiada Universidade de Cambridge e que isso será muito proveitoso para os alunos, pois, podem saber qual o seu nível em termos internacionais. O resultado disto é, tal como, está a acontecer na escola das minhas filhas que os pais estão (os que podem) a matricular os filhos em escolas particulares fora da escola pública para que estes estejam mais bem preparados quando isso acontecer.
Por fim, falou dos concursos dos professores e explicou também que são muito poucos os professores ainda não colocados. Ora, por poucos que sejam é lamentável e apesar de Nuno Crato o negar o atraso é evidente. Quanto às provas dos professores contratados, o ministro acha normal fazerem provas. Ora, eu pergunto-me os professores para o serem não fizeram já uma licenciatura e a respetiva especialização exigidas para puderem ser professores? Não entendo o porquê de mais estas provas pois não vejo isto a acontecer noutras profissões. Mas pensando bem até talvez não fosse mau passar exigir provas de competência profissional. Eu começava já pelo governo e pela Assembleia da República…
Por fim, acho que a maior de todas as vergonhas são as restrições e cortes que tem sido feitos no ensino especial. Todos nós pagamos impostos e estes devem e têm de ser usados para proteger quem mais precisa e é mais frágil. Estes meninos e as suas famílias têm de ser protegidos e a escola pública tem de existir também para eles.
Margarida Ladeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.
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